sábado, 23 de junho de 2007

Homo Mentecaptus

A história mundial está cheia de más ideias, como pôr o marinheiro míope à procura de icebergs na torre do Titanic, ir fumar um cigarrinho à casa das máquinas enquanto se aterra o Hindenburg, ou contratar um mentecapto que não sabe a diferença entre fiambre e queijo para servir ao balcão do café.
Esta última parece-me ter sido uma ideia particularmente má, pelo simples facto de ser nesse café que eu lancho todos os dias.

Geralmente somos seis pessoas ao lanche, o que não simplifica nada a vida ao senhor, cuja capacidade de memorizar pedidos se resume a um pão com manteiga, um café, e um croissant de ovo que ele guarda religiosamente para a Joaninha (mas só porque está apaixonado, como demonstra a ausência do seu característico sorriso catatónico nos dias em que ela não lancha). De resto podemos sempre contar com um olhar vazio de qualquer entendimento e uma falta de actividade cerebral que faz inveja a qualquer calhau da calçada.

Começo a habituar-me à ideia de ter que pedir cinco vezes o pão com queijo e o sumo, e no fim comer um pão com fiambre, a seco, porque ele se esqueceu do sumo. Certo dia pedi uma sandes mista sem manteiga e o senhor começou a exibir sintomas de AVC. Dei por mim a pensar “mas o que se passará naquela cabeça?”. A reposta é simples – passa-se muito pouco, ou nada.

O melhor exemplo da capacidade vegetativa da criatura é um episódio recente onde pedi uma sandes de queijo, e naturalmente, ele fez um pão com fiambre. À saída eu disse: “quero pagar uma sandes de fiambre e um sumo”. O Miguel, que estava ao meu lado corrigiu-me: “foi uma sandes de queijo”. Ao que eu respondi: “realmente eu pedi uma sandes de queijo, mas o Sr. deu-me uma de fiambre”. Resposta do Sr. Mentecapto: “não faz mal, o preço é o mesmo”.