Saltinho, este post é para ti.
Em meados de 1990 o projecto do filme The Curious Case of Benjamin Button foi parar à Digital Domain, um prestigiado estúdio de efeitos visuais. Na altura não havia tecnologia de CG (computer graphics) suficientemente avançada para dar conta do recado, pelo que o projecto ficou na gaveta. Em 2002 passou para as mãos do realizador David Fincher, que tipicamente não se acagaça com desafios desta natureza, e que por aquela altura já tinha à disposição a tecnologia que necessitava para arrancar com a produção.
Desde o início que Fincher decidiu que não queria usar vários actores com maquilhagem para representar as diferentes idades de Benjamin, para evitar que o espectador perdesse a empatia com a personagem. O objectivo era mostrar a parecença com o Brad Pitt ao longo de toda a vida. Uma das primeiras sugestões de Fincher para a infância de Benjamin foi empregar actores pequenos e sobrepor a imagem da cara do Brad Pitt com a respectiva maquilhagem, mas não havia maneira de evitar problemas de continuidade e iluminação, já para não falar no pesadelo que seria mapear os movimentos de câmara. Os gestos do corpo e da fala e as tensões nos músculos do pescoço estão todos interligados, e desde logo ficou claro que precisavam de uma cabeça gerada por computador, perfeitamente animada com as expressões do Brad.
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Em 2004 a melhor tecnologia existente para captura de movimentos era baseada em marcadores. Cada ponto colocado na face do actor era mapeado conforme se movia, de acordo com a expressão. De seguida esse movimento era transferido para um ponto correspondente no modelo digital da cara. Mesmo com cerca de 500 pontos é impossível apanhar todas as subtilezas da expressão, o que implicaria que os animadores teriam que completar o resto da animação interpretando o melhor que conseguissem a representação do Brad Pitt, coisa que Fincher não queria.
Outros estúdios entraram entretanto no projecto. A Matte World Digital fez grande parte das matte paintings. A Hydraulx, fez mais matte paintings e elementos CG do Benjamin bébé, assim como substituição da cabeça da Kate Blanchett na cena da dança. A Asylum VFX ficou encarregue das cenas do barco, e a Lola VFX trabalhou nos efeitos de rejuvenescimento.
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Por esta altura a equipa da Digital Domain trouxe o “mestre” Rick Baker para trabalhar em três esculturas da cara do Brad Pitt, com as idades de 60, 70 e 80 anos. As partes do pescoço e dos ombros foram modeladas de acordo com os actores que fariam de Benjamin em cada idade, de forma a garantir uma correcta união com a cara CG. Os modelos foram depois digitalizados e ligados ás expressões do Brad.
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O próximo passo consistiu em construir uma biblioteca de expressões para a cara digital de Benjamin Button. A equipa recorreu à teoria do psicólogo Dr. Paul Ekman, segundo a qual uma cara humana tem um conjunto base e limitado de expressões, que podem ser catalogadas. Para isto Brad Pitt representou cerca de 120 diferentes expressões captadas pelo novo sistema Mova Contour, que resolve o problema da baixa resolução usando uma camada de pintura fosforescente em vez dos pontos na cara. A representação foi filmada a 24 frames por segundo por várias câmaras em torno do actor, capturando correctamente milhões de polígonos por toda a superfície da cara. Depois de aplicadas as expressões aos três diferentes modelos digitais, a DD tinha toda a amplitude de expressões do Brad Pitt em versão 60, 70 e 80 anos. Estas expressões foram ainda divididas em micro-expressões, cortando a malha digital em formas mais pequenas, de modo a dar aos animadores alguma flexibilidade sem se afastarem da expressividade original.
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Mesmo com modelos digitais, foi um desafio mapear os movimentos corporais dos actores de maneira a fazer uma integração perfeita da cara digital. Cada cena foi filmada pelas câmaras de fotografia principal, mais um conjunto de câmaras “testemunhas”, para garantir referências visuais de todos os ângulos de visão. O resultado final foi ainda consolidado em 2D, frame a frame.
Para a iluminação da cara digital corresponder á iluminação real, a equipa passou meses a escrever shaders de Mental Ray e a recriar os cenários em 3D para que toda a informação presente na fotografia principal fosse correctamente transferida para cara CG.
A equipa de seis animadores, chefiados por Matthias Wittmann, testou e optimizou as expressões capturadas pelo Mova scan, e criou sistemas de animação automatizados para a língua, e a maçã de adão. Mesmo as contracções de músculos do pescoço e as rugas debaixo do queixo foram geridas automaticamente pelo sistema, dependendo da posição da cabeça e dos restantes músculos da cara.
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A continuidade visual foi garantida pela equipa de composição. Os tons e o “calor” da pele e do cabelo são especialmente difíceis de criar de forma realista em 3D, pelo que a composição lhes dedicou especial atenção tomando em conta todos os dados fornecidos durante a fotografia principal, e ajustando e reaplicando imagens HDRI.
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O Brad Pitt real, só aparece ao fim de 52 minutos de filme, na cena do barco a caminho da Rússia. Portanto meninas, têm muito tempo para se porem bonitas para ir ao cinema que na primeira hora não há Brad pra ninguém.