quinta-feira, 29 de março de 2007

O Enclave Cigano da Av. do Brasil

A Fada da Felicidade ousou sugerir neste post que a vista da janela do seu emprego é de tal forma bela que até lhe traz satizfação nos sábados passados a trabalhar. Consta que da janela vê um passeio marítimo qualquer na linha, com umas palmeirinhas fatelas junto ao mar. Coisa de gaja...

Da janela do open-space onde exerço a função de Director Executivo do Departamento Gráfico da Mr.Net - Divisão Ibérica*, pode admirar-se o magnífico Enclave Cigano da Av. do Brasil, esta sim, a melhor vista de qualquer janela de Portugal.
Posicionado algures entre o sagrado e o profano, é uma obra arquitectónica e social que ofusca o olhar com as suas formas e volumes sublimes, erguendo-se qual oásis fecundo no deserto urbano. Em termos cromatograficologicoscópicos, é-nos apresentado um esquema harmonioso que combina o amarelo mostarda com o vermelho ketchup, numa crítica mordaz à sociedade de consumo imediato, geralmente alheia às coisas belas da vida. Coisas essas aliás, tão simples como uma senhora de catorze anos com os seus dezassete filhos, a apanhar sol encostada a uma parede; uma criança de olhar meigo e inocente a escarrar da janela para cima de uma velhinha; ou um grupo de jovens vestidos numa mistura de D´Zrt com Zézé Camarinha, a vender telemóveis adquiridos coercivamente.

Há vida neste canto da cidade! As pessoas falam umas com as outras, gritam até, insultam-se regularmente, e de vez em quando ouve-se alguém a ser chinado numa esquina. Mas a festa não fica por aqui. Em ocasiões especiais, como num casamento de uma mulher de doze anos com um jovem de sessenta, montam-se toldos junto ao edifício e reúne-se a família (ou seja, toda a gente) para festejar o emparelhamento. As festividades duram dias, e são animadas por um característico som tecno-pimba étnico de leste, representativo das raízes culturais da região. O som é característico porque aparentemente o DJ Lello só tem um cd, e o cd só tem três músicas.

A foto não é representativa da verdadeira grandiosidade deste monumento, mas ainda assim, reflecte algumas das características estéticas que fazem do Enclave Cigano da Av. do Brasil um monumento de rara beleza.

*Há quem diga que este título é exagerado, alegando que o facto de eu ser a única pessoa a trabalhar em design na empresa não faz de mim director de coisa nenhuma, nem promove o meu cantinho caótico e desarrumado a "departamento gráfico".

segunda-feira, 26 de março de 2007

Turbo Migas

O maluco dos calções flamejantes e casaco vermelho é o Miguel.
O homem skia que se farta e, naturalmente, decidiu experimentar os seus skis novos nos rails do snowpark, o que me deu a oportunidade e a confiança necessárias para tentar também. A única diferença foi que enquanto ele se preocupava em testar as características freestyle dos seus Elan Twin Tips MO2 Rail ultra promix, eu preocupava-me em não deixar os dentes espetados no rail.
A coisa até correu bem. O Migas ficou plenamente satisfeito com a sua compra, e eu muito feliz de não ter passado o resto das férias a comer por uma palhinha.

Ah, o gajo de casaco verde com o traseiro congelado sou eu...


terça-feira, 20 de março de 2007

A verdadeira razão porque não se pode entrar de chuteiras na igreja.

Criar o mundo em sete dias é para meninos. Deus que é Deus até despacha a cena em sete horas e passa o resto da semana de calção de banho e xanatos a galar camones no equivalente cósmico ao Algarve.
Criar a religião também não custa nada. Pega-se num bazaroco facilmente impressionável com um nome sonante, crucifica-se o tipo, deixa-se marinar durante três dias e ressuscita-se a gosto para mostrar a toda a gente que a religião é salvação e mais não sei quê. Como ninguém sequer se lembra que se não fosse a religião, o tipo nem sequer teria sido crucificado para começar, a malta fica impressionada e adere.
Esta foi a parte fácil, o complicado veio a seguir.

Com as infra-estruturas e o serviço a funcionar em pleno, foi necessário garantir uma forma de comunicação prática e eficaz, tipo linha de apoio ao cliente. Falar com as pessoas individualmente não só não era viável, como inclusivamente podia causar inconvenientes. A prová-lo está o episódio de Abraão, a quem Deus, na brincadeira, mandou matar o filho Isaac, só para ver se o gajo ia na conversa. Depois de dar a ordem, foi divinar para outro lado e nunca mais se lembrou do pobre do Abraão. A sorte foi um anjo que viu o que ia acontecer e lhe disse: “Ó chefe! Tá um velho a querer chinar um puto em cima dum monte, é normal?”
Para resolver este problema de comunicação, implementou-se o sistema de reza, que no papel até parecia funcionar bastante bem: “para questões relacionadas com os dez mandamentos reze a seguinte oração...” “para informações relacionadas com saldos e pagamentos reze a seguinte oração...” “para esclarecer dúvidas relacionadas com outras religiões, leia as ultimas 360 alíneas do seu contracto de aderência”. Funcionou perfeitamente durante um tempo, até a malta começar a abusar do serviço e a pedir intervenções contraditórias. Uns rezavam, para ter chuva, outros rezavam para ter sol, uns para ter melhor colheita de trigo, outros de arroz, uns rezavam pela avózinha gravemente doente, outros pela avózinha gravemente morta... Enfim, foi o caos, ao ponto de Deus se pôr a pensar “Tou tramado com isto! Estes gajos qualquer dia põe-se a rezar à entrada dos campos de futebol para marcarem mais golos que o adversário. Como é que ambas as equipas podem marcar mais golos que a outra?”. Pareceu que adivinhava.
Por esta altura já o sistema requeria uma largura de banda astronómica, e o spam (múltiplas rezas não solicitadas) tornava-se um problema sério. Mas Deus, orgulhoso demais para deitar fora uma boa ideia só porque não funciona, decidiu que iria desenrascar a situação fosse como fosse, e inventou o primeiro filtro de spam da história, a Igreja.
Dando prioridade às rezas feitas em solo sagrado, controla-se não só o número de rezas com também a natureza do pedido. Acabam-se as pedinchices contraditórias como a dos dois jogadores de equipes adversárias ambos a rezar pela vitoria no mesmo jogo. E esta é a verdadeira razão porque não se pode entrar de chuteiras na igreja.

domingo, 18 de março de 2007

Robot Chicken

A Allanah, do Free Inspiration deu-me a conhecer a Robot Chicken, uma série de animação adulta criada por Seth Green e Matthew Senreich. É uma paródia a vários símbolos da cultura pop, através da animação stop-motion de bonecos, brinquedos e plasticina. Este é o episódio 6, com um sketch genial do Star Wars.

Quem estiver interessado em ver mais pode encontrar uma catrefada de episódios no Youtube.

quarta-feira, 14 de março de 2007

Andorra 2007

Uma semana de snowboard com um grupo de amigos nos pirinéus, esta já ninguém ma tira.
A princípio andávamos um bocado preocupados com a falta de neve, mas felizmente o anticiclone foi anticiclar prá frente fria que o pariu, e a meio da semana fomos presenteados com o nevão do ano. Poderá haver quem ache que foi obra de Deus, mas cá pra mim foi precipitação aliada a baixas temperaturas.

Seguem-se alguns dos pontos altos da semana:

- Primeira vez a fazer rails no snowpark.

- Longas conversas pela noite dentro.

- Queda de boca no gelo com direito a paragem respiratória durante um minuto e dores musculares durante dois dias.

- Saltos ridículos mas que à pala do 180 lá iam impressionando uma babe ou outra que ainda estivesse bêbeda da noite anterior (possivelmente porque em vez do 180 via um 360).

- Gaufres de mel e noz.

- Jacuzzi

- Calhauzada de gelo na tromba num dia de ventania brutal.

- Passeios na neve com vista para as montanhas recortadas pela luz da lua.

- Joelho inchado e roxo, cortesia de um snowboarder descontrolado.

- Buracos na prancha (aparentemente "snowboard" indica que se deve andar por cima da neve, e não dos calhaus).

Agradeço ao Miguel, à Joaninha, ao André e à Paula, o convite e a companhia. Agradeço à Tété por ter emprestado o carro, e ao rádio por ter tocado a merda do CD do Jamiroquai ao fim de apenas 675 tentativas.

quinta-feira, 1 de março de 2007

A Frase do Ano

Uma pérola da autoria da minha querida amiga Joaninha, num momento de pura genialidade poética.

"F***-se! Apetece-me chacinar toda a gente e ir prá caminha!"