sábado, 24 de novembro de 2007

Jack in the Box 5 - rigging

O conjunto dos controlos de animação e posicionamento de um modelo 3D chama-se um rig. Neste caso os controlos são tão simples que o nome me parece um bocadinho pretensioso, mas no interesse de tornar este episódio mais apelativo do que realmente é, fica mesmo rig e não se fala mais no assunto.

A ideia nesta fase de rigging é artilhar os modelos com objectos de apoio que facilitem a movimentação das várias partes móveis, para se poder afinar a composição.

Na caixa há um controlo para a abertura da tampa e outro para a rotação da manivela. A mola está associada a uma spline de quatro vértices, de forma reproduzir a curva sinuosa que tem na ilustração original. Estes vértices permitem ainda ajustar facilmente a distância entre as voltas da mola através das bezier handles.

Os olhos têm um controlo geral para a direcção do olhar e dois controlos secundários para ajustar cada olho individualmente evitando o efeito "estrábico". Compreendo que não é fácil saltar de repente duma caixinha minúscula quando se tem uma cabeçorra daquele tamanho, mas desta vez tem mesmo que ficar tudo perfeito.

Para finalizar, todos os elementos do Jack e da caixa foram interligados segundo uma hierarquia lógica cujo topo é um point helper de fácil acesso. Isto permite movimentar facilmente o Jack sem ter que seleccionar quinhentas coisas de cada vez.

Com esta brincadeira toda o Poly Counter já engordou consideravelmente para os 298.370. Esta contagem considera as meshes com apenas um nível de subdivisão, o que significa que pela altura do render final, no nível dois, deve andar lá pelos 1.200.000 polígonos.
Para já a preocupação é saber se o meu maquinão aguenta os 3.000.000 de polígonos previstos para a modelação em Mudbox...

A imagem mostra um ensaio de composição ainda com iluminação básica, mas que já revela alguns dos problemas com que me vou ter que preocupar, como por exemplo a posição da sombra do Jack. É que o gajo quando tiver a sua popinha à Elvis vai tapar muita luz.

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Jack in the Box 5 - rigging
Jack in the Box 4 - unwrap
Jack in the Box 3 - modelação base
Jack in the Box 2 - plano de modelação
Jack in the Box 1 - silhueta

domingo, 18 de novembro de 2007

Virilidade Instantânea

Longe vão os tempos em que um certo farmacêutico de nome Henri Nestlé desenvolveu a primeira fórmula de leite infantil. Volvidos 140 anos, o KrippArt traz aos seus blogospectadores a metodologia suprema para a preparação do CERELAC© mais viril da história das papinhas instantâneas.

Devo alertar que este modo de preparação não é para todos. Não se deixem enganar pela etiqueta do ursinho azul que diz “a partir dos 6 meses - com leite de transição”, o CERELAC Krippmeister© é um verdadeiro desafio à masculinidade. Se és um homem com eles no sítio, ou uma mulher de barba rija, tenta a tua sorte.

Vamos a isto. O único CERELAC© que interessa é o de maçã. Isto é um dogma, é final e indiscutível. Num mundo perfeito, onde não há guerras e as criancinhas são felizes e as mulheres sofrem todas de um desejo libidinoso incontrolável por designers carecas com apelidos estranhos, o CERELAC Maçãs© preenche prateleiras inteiras dos supermercados. Não há nada daquelas infantilidades com laranjas e bananas e baunilhas.
A água é LUSO©. Bem sei que há quem não goste, mas o sabor metalizado é uma parte fundamental no processo. A utilização de qualquer outra água consistirá num desvio grave à metodologia, e como tal resultará num preparado desprovido de qualquer macheza viril, justificadamente sujeito a injúrias verbais de natureza homofóbica.

Tecidas as considerações iniciais, vejamos os três estádios do processo:

Estádio 1 – Luso-Hiperhidrofilicalização
Num prato de sopa, verter água LUSO© à temperatura ambiente, até 5mm acima do nível da aresta que define o limite externo da concavidade mais profunda do prato, delimitativa da terminação interna da área imediatamente adjacente ao rebordo.

Estádio 2 – Lácteo-Farinhizamentalização
Juntar a farinha CERELAC Maçãs© ao mesmo tempo que mexe com uma colher. Utilizar SEMPRE uma colher na fase de Lácteo-Farinhizamentalização, de maneira a promover a formação de grumos estruturalmente íntegros, com a respectiva película envolvente a proteger o núcleo formado por farinha no seu estado original.
A mistura não deve atingir uma consistência sólida. Como indicador, deve dar-se uma colherada no preparado para verificar se a superfície retoma uma geometria plana. Se a superfície mantiver a depressão causada pela colher, é sinal que cometeu uma falha fatal na preparação. Adicionar mais água nesta fase é um esforço inútil, terá que retomar o processo do início e viver para sempre com a vergonha do fracasso.

Estádio 3 – Estrato-Polvilhalizamentação Gravítica
Nesta última e mais exigente fase do processo de preparação do fabuloso CERELAC Krippmeister© deve polvilhar a superfície do preparado com a farinha láctea, aplicando várias camadas uniformes de forma a cobrir por completo a superfície. A aplicação por estratos impede a água de ser absorvida pelas camadas superiores, mantendo o polvilhado seco e crocante e garantindo uma experiência degustativa análoga ao movimento impetuoso dos humores que, no acto sexual, precede ao declínio da tensão.


Disclaimer: em alguns casos O CERELAC Krippmeister© pode causar dependência, aumento de pilosidade nas zonas torácica e genital (ambos os sexos), alucinações fortes e um ímpeto descontrolados para ver o Baby TV e cantar o tema do Noddy, entre outros. O KrippArt não se responsabiliza por quaisquer efeitos nefastos dos preparados aqui referenciados.