sábado, 16 de fevereiro de 2008

Burton Freeride Design Competition

O meu amigo Miguel "Mad Mav" Vieira, sempre a par das últimas novidades do freeride, lançou-me este desafio de participar no Burton Freeride Design Competition. Vai daí, peguei no 3DStudio Max, no Photoshop e numa máquina digital e esgalhei estas duas propostas para a Burton Series 13.

O prémio final é uma prancha com o desenho vencedor, e um Suzuki Grand Vitara.

Assim que as propostas forem aprovadas pelo moderador e aparecerem no site da Burton, eu acrescento aqui os links para quem quiser lá ir votar.

* Finalmente online. Para votar têm que estar registados no site. Podem votar nos dois design, e em qualquer outro que quiserem, embora o KrippArt não encoraje a prática de dar pontos ao adversário.

X-Black Design
X-White Design
Burton FDC Gallery
Burton Freeride Design Competition


KEEP ON RIDING!

* Editado a 21/02/2008

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

It's good to be God

Eu sabia que deveria ter escolhido "Deus da Guerra" em vez de "Design de Comunicação"...

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Guernica e o Cogumelo de Krkonose

Em 1937, por ocasião da Exposição Internacional de Paris, um senhor chamado Pablo Picasso decidiu estragar uma tela perfeitamente boa para pintar o que seria considerado por muitos a sua obra-prima. A tela representa o bombardeamento da cidade espanhola de Guernica pela força aérea alemã, e pretende transmitir o horror da guerra e o repúdio do artista pelo regime nazi. Se transmite o repúdio do artista não sei, mas o horror da guerra não me parece. O Pablo nem estava em Espanha nessa altura, estava em Paris, onde morava. Aparentemente precisava de alguma coisa para mostrar na exposição, e quando leu a notícia do bombardeamento no jornal, achou que seria um bom tema.

Como qualquer obra de arte que se preze, Guernica foi alvo de inúmeras interpretações intelectuais. Uns dizem que o cavalo ferido que olha na direcção do touro representa o povo oprimido, fitando o seu algoz, Franco. Outros sugerem que o touro representa a resistência espanhola, e que o cavalo, pela sua forma patética, é a figura do próprio Franco. Outros vêm referências cristãs em todo o lado, alegando que a mulher vergada carrega uma enorme cruz invisível e que o candeeiro em forma de olho é o olhar de Deus. Estão a ver como isto funciona não estão? É daqui que vem o valor da obra, não da obra em si, mas desta intelectualização rebuscada que se faz em torno dela. O próprio Picasso preferiu descartar-se da responsabilidade de interpretar a sua gatafunhada, e deixar os intelectualóides brincar aos críticos de arte sozinhos.

"Este touro é um touro e este cavalo é um cavalo. Se vocês dão significado às figuras nas minhas pinturas, é bem provável que seja verdade, mas não é intencional. Foi inconsciente, instintivo."

Portanto, meus amigos, é o que vocês quiserem, que é para o lado que eu durmo melhor.

A verdade é que Guernica não transmite horror de coisa nenhuma. É uma evolução estética do cubismo, feio pra caraças, e porventura até um excelente avanço pessoal na procura de Picasso pela forma de representação dos vários ângulos de visão no plano pictórico. Mas nem a mim, que o mais próximo que tive da guerra foi limpar os vidros do gabinete do tenente Torrão com papel de jornal, me transmite horror algum. Ao meu pai, que lutou na guerra (a II Mundial, não a do Ultramar), ainda transmite menos. Por muito grande que seja a tela, é pretensioso achar que uns bonecos feiosos pintados a preto e branco têm um impacto semelhante à sensação de levar com as tripas do amigo artilheiro na cara, quando explode uma granada.

Recentemente, um grupo de artistas checos, intitulado Ztohoven, conseguiu mostrar o horror da guerra de forma muito mais impressionante. Os hackers subiram a uma torre emissora perto das Krkonose (montanhas gigantes) e alteraram a emissão do boletim metereológico, adicionando uma detonação nuclear ás imagens captadas pela camera automatizada da estação. Foi possivelmente a previsão mais alarmista da história da cadeia CT2.

O manifesto artístico dos Ztohoven esclarece que a posição do grupo não é política nem terrorista. A sua intenção é simplesmente minar a credibilidade dos media, corrompendo os meios através dos quais a humanidade é manipulada e intimidada quotidianamente.

Fizeram uma tentativa sublime, mas tiveram azar. Sem o estatuto de artista superstar e sem a elevação artística por parte da crítica pedante, o máximo que conseguiram foi um julgamento com a perspectiva de três anos de cadeia.

Não estou com isto a dizer que aprovo nem que desaprovo. Deve ser tramado estar a tomar o pequeno almoço descansadinho numa casota ali a 300km das Krkonose, ver aparecer um cogumelo nuclear em directo, e chegar à conclusão que se tem aproximadamente 10 segundos de vida. A questão é que, no mundo da arte, a obra em si é irrelevante. É como os caracóis, não sabem a nada. Só valem alguma coisa se o molho e a cerveja forem bons.