A idiotice religiosa nunca deixa de me espantar.
domingo, 30 de dezembro de 2007
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
Cutthroat Caverns
O Curt Covert da Smirk & Dagger Games teve a amabilidade de me enviar amostras do jogo Cutthroat Caverns, para o qual eu participei com duas ilustrações. O jogo é uma mistura de collectible card game com RPG, onde o objectivo é jogar em equipa para destruír todas as criaturas encontradas nas cavernas, e depois cortar a goela aos companheiros que nos ajudaram a matar essas criaturas para ficarmos nós com o prémio final. Muito cool!
Os meus sobrinhos vão adorar isto... a minha cunhada nem tanto.
A Ilustração Shift pode ser visionamentalizificalizada com maior detalhe no post Tinta Digital, também ele predominantemente orientado para a elevação excessiva e despropositada das minhas capacidades artísticas, à semelhança deste.
Smirk and Dagger Games
Os meus sobrinhos vão adorar isto... a minha cunhada nem tanto.
A Ilustração Shift pode ser visionamentalizificalizada com maior detalhe no post Tinta Digital, também ele predominantemente orientado para a elevação excessiva e despropositada das minhas capacidades artísticas, à semelhança deste.
Smirk and Dagger Games
E o Oscar vai para...
A pedido da Abobrinha cá vai um post sobre o trabalho de efeitos visuais em Pirates of the Caribbean: Dead Man´s Chest, com especial atenção à tripulação do Flying Dutchman e o capitão Davy Jones.
Modelação
O projecto implicou a modelação de 18 personagens digitais e 32 variações, mais os modelos dos navios, o Kraken, e os duplos digitais do Jack Sparrow, Bill Turner e companhia. Toda a tripulação do Flying Dutchman é totalmente digital, excepto o Bootstrap Bill. O conceito é que quanto mais tempo alguém passa no navio, menos humano se torna, pelo que apenas o novato Bootstrap (à direita na imagem) se conseguiu resolver através de caracterização.
Os modelos digitais são construídos segundo referências fotográficas dos actores que dão vida ás personagens principais para que as proporções sejam compatíveis, de modo a dar melhores resultados durante a fase de captura de movimento. Para o capitão Davy Jones, os olhos do actor Bill Nighy foram fielmente reproduzidos para garantir que a actuação transpareça mesmo através da cara de lula.
Os modeladores da ILM criaram ainda centenas de conchas, lapas, algas e outras variadas formas de vida marinha para que os directores técnicos pudessem decorar facilmente os homens do Flying Dutchman.
O último grau de detalhe foi modelado em Z-Brush e exportado para o Zeno (a ferramenta de consolidação e gerenciação da ILM) como displacement maps de 32 bits.
Animação
Os animadores trabalharam com os dados da captura de movimento registados durante a fotografia principal. O novo sistema da ILM, o Imocap, não requer um estúdio de captura, o que permitiu ao realizador Gore Verbinski dirigir os actores, e consequentemente as personagens digitais, a interagir directamente com Johnny Depp e Orlando Bloom. O Imocap funcionou lindamente em variadas condições de luz exterior, mesmo com os actores dentro de água. A desvantagem é que os actores tiveram que representar vestidos com uns pijaminhas cinzentos com bolinhas penduradas, para que o sistema de captura os conseguisse identificar e determinar a sua posição no espaço.
Para as animações faciais principais, a equipa recorreu à animação manual, o que permitiu um ajuste preciso das expressões e lip-sync de Bill Nighy e dos restantes tripulantes. Os 46 tentáculos do capitão Davy Jones foram animados programaticamente, através de uma versão melhorada do sistema de física proprietário da ILM. A exepção são os planos em que tentáculos “herói” efectuam acções pré-determinadas.
Iluminação, Rendering e Composição
As medições de iluminação e temperatura de cor foram tiradas directamente dos fatos cinzentos 17% usados na captura de movimentos, o que facilitou a tarefa dos compositores. Cerca de 80 compositores trabalharam em Apple Shake para montar os 1.100 planos, alguns com cerca de 100 layers. O ataque do Kraken foi um dos mais complicados, integrando água digital, água real, extensões digitais dos barcos, personagens digitais, actores filmados em fundo azul, nevoeiro, detritos digitais e por aí fora. O estúdio utilizou o Renderman da Pixar para o render final. Christophe Hery trabalhou com a Pixar para integrar os efeitos de sub-surface scattering e ray tracing e criar materiais hiper-realistas como a pele de polvo de Davy Jones, com várias camadas de detalhe, incluindo veias que afectam a cor da luz quando esta se dispersa no interior da pele.
Em 2007 o filme arrecadou o Oscar para melhores efeitos visuais. No discurso de agradecimento John Knoll pediu desculpa a Bill Nighy pelo pijaminha ridículo.
Crossing the Great Uncanny Valley
A Treasure Chest of Techniques
Shades of Davy Jones
Modelação
O projecto implicou a modelação de 18 personagens digitais e 32 variações, mais os modelos dos navios, o Kraken, e os duplos digitais do Jack Sparrow, Bill Turner e companhia. Toda a tripulação do Flying Dutchman é totalmente digital, excepto o Bootstrap Bill. O conceito é que quanto mais tempo alguém passa no navio, menos humano se torna, pelo que apenas o novato Bootstrap (à direita na imagem) se conseguiu resolver através de caracterização.
Os modelos digitais são construídos segundo referências fotográficas dos actores que dão vida ás personagens principais para que as proporções sejam compatíveis, de modo a dar melhores resultados durante a fase de captura de movimento. Para o capitão Davy Jones, os olhos do actor Bill Nighy foram fielmente reproduzidos para garantir que a actuação transpareça mesmo através da cara de lula.
Os modeladores da ILM criaram ainda centenas de conchas, lapas, algas e outras variadas formas de vida marinha para que os directores técnicos pudessem decorar facilmente os homens do Flying Dutchman.
O último grau de detalhe foi modelado em Z-Brush e exportado para o Zeno (a ferramenta de consolidação e gerenciação da ILM) como displacement maps de 32 bits.
Animação
Os animadores trabalharam com os dados da captura de movimento registados durante a fotografia principal. O novo sistema da ILM, o Imocap, não requer um estúdio de captura, o que permitiu ao realizador Gore Verbinski dirigir os actores, e consequentemente as personagens digitais, a interagir directamente com Johnny Depp e Orlando Bloom. O Imocap funcionou lindamente em variadas condições de luz exterior, mesmo com os actores dentro de água. A desvantagem é que os actores tiveram que representar vestidos com uns pijaminhas cinzentos com bolinhas penduradas, para que o sistema de captura os conseguisse identificar e determinar a sua posição no espaço.
Para as animações faciais principais, a equipa recorreu à animação manual, o que permitiu um ajuste preciso das expressões e lip-sync de Bill Nighy e dos restantes tripulantes. Os 46 tentáculos do capitão Davy Jones foram animados programaticamente, através de uma versão melhorada do sistema de física proprietário da ILM. A exepção são os planos em que tentáculos “herói” efectuam acções pré-determinadas.
Iluminação, Rendering e Composição
As medições de iluminação e temperatura de cor foram tiradas directamente dos fatos cinzentos 17% usados na captura de movimentos, o que facilitou a tarefa dos compositores. Cerca de 80 compositores trabalharam em Apple Shake para montar os 1.100 planos, alguns com cerca de 100 layers. O ataque do Kraken foi um dos mais complicados, integrando água digital, água real, extensões digitais dos barcos, personagens digitais, actores filmados em fundo azul, nevoeiro, detritos digitais e por aí fora. O estúdio utilizou o Renderman da Pixar para o render final. Christophe Hery trabalhou com a Pixar para integrar os efeitos de sub-surface scattering e ray tracing e criar materiais hiper-realistas como a pele de polvo de Davy Jones, com várias camadas de detalhe, incluindo veias que afectam a cor da luz quando esta se dispersa no interior da pele.
Em 2007 o filme arrecadou o Oscar para melhores efeitos visuais. No discurso de agradecimento John Knoll pediu desculpa a Bill Nighy pelo pijaminha ridículo.
Crossing the Great Uncanny Valley
A Treasure Chest of Techniques
Shades of Davy Jones
sábado, 22 de dezembro de 2007
The Uncanny Valley
O desenvolvimento tecnológico na área da animação digital tem permitido cada vez mais a criação de personagens hiper-realistas, tanto para filmes como para videojogos. À medida que os actores virtuais se aproximam do ser humano em atitude, aspecto, e poder de representação, a resposta emocional do espectador à personagem vai aumentando. Dita a lógica que quanto mais real parecer a personagem, mais credível será, e isto verifica-se, mas só até certo ponto. Para se atingir a zona da credibilidade tem que se atravessar o Uncanny Valley.
O termo Uncanny Valley foi criado pelo cientista de robótica Masahiro Mori em 1970, e referia-se à inexplicável quebra na resposta emocional perante uma personagem robótica, à medida que esta se aproximava de um elevado nível de realismo. Por outras palavras, quanto mais real parecer o robô, mais estranho parece.
O gráfico representa a variação do nível de familiaridade (que se traduz na resposta emocional) face a um ser artificial, conforme aumenta a sua semelhança física e gestual com um ser humano.
O ponto mais baixo do valor de familiaridade representa uma resposta emocional negativa. A estranheza total. É o sentimento inquietante perante algo que é simultaneamente familiar e não familiar. Um pouco como ver uma pessoa muito parecida com alguém que conhecemos, mas que apesar de estarmos quase convencidos que é mesmo essa pessoa, há algo nas suas feições que não bate certo.
Neste nível elevado de similaridade, há um mecanismo subconsciente de percepção que procura falhas e diferenças para evitar que sejamos enganados. O resultado é esta dissonância cognitiva que perturba o processo de suspensão de incredulidade de que dependem o cinema e os videojogos.
Este mecanismo de defesa não é despoletado com o Ratatouille, por exemplo. Aceitamos um rato falante com aspirações a cozinheiro como aceitamos outras personagens animadas como o Pato Donald ou o Bart Simpson. Estão suficientemente longe do realismo para não nos sentirmos enganados, mas exibem tantas qualidades humanas que nos afeiçoamos a eles. Estão alto na escala, mas ainda longe do Uncanny Valley. Quando não há pretensão da personagem se fazer passar por humano, não se cria dissonância.
Final Fantasy: The Spirits Within de Hironobu Sakaguchi foi uma das primeiras tentativas sérias de criar actores virtuais hiper-realistas, e um dos primeiros trambolhões do cinema no Uncanny Valley. Curiosamente, os extraterrestres de Final Fantasy resultaram em personagens mais credíveis que os humanos, isto porque o mecanismo subconsciente de detecção de erros está especializado em interpretar reacções humanas, e não tem expectativa nenhuma em relação a extraterrestres.
Desconfio, aliás, que é precisamente esta expectativa que trama a Angelina Jolie virtual no Beowulf. Se por um lado criar personagens com a cara dos actores que lhes dão voz faz sentido tecnicamente, porque facilita a transição dos dados de captura de movimentos para o modelo 3D, por outro gera maior dissonância porque conhecemos bem os actores em questão e sabemos o que esperar da sua imagem.
O mesmo não já acontece com o Capitão Davy Jones em Pirates of the Caribbean: Dead Men´s Chest.
Davy Jones foi um sucesso na escala da credibilidade porque, para além das maravilhas técnicas que a equipe da ILM fez a nível de tecnologia de motion capture, render e shaders, o Davy não tem pretensões a ser humano. A representação de Bill Nighy transparece, especialmente nos olhos, mas não há intenção de reconhecer sequer o actor (apesar de eu, na minha genialidade observacional, o tenha reconhecido), mesmo porque a cara está totalmente coberta pelos tentáculos digitais da criatura. A equipa de efeitos visuais da ILM descobriu um equilíbrio perfeito com Davy Jones, que transmite humanidade, sem no entanto parecer realmente humano.
Actualmente, a chave para evitar o Uncanny Valley parece mesmo ser ficar ou longe do realismo, ou da morfologia humana. Duas soluções que a Pixar aprendeu a explorar de forma sublime.
Enquanto não chega o Avatar de James Cameron, com um sistema inovador de direcção de actores virtuais, é Beowulf que lidera a caminhada para o topo da escala. O filme faz uso das mais recentes técnicas e tecnologias de animação 3D, tecnologias essas que vou deixar para um post futuro para não causar mais dissonâncias gastro-intestinais aos leitores que conseguiram ler isto até ao fim.
Crossing the Great Uncanny Valley
Uncanny Valley Wikipedia
O termo Uncanny Valley foi criado pelo cientista de robótica Masahiro Mori em 1970, e referia-se à inexplicável quebra na resposta emocional perante uma personagem robótica, à medida que esta se aproximava de um elevado nível de realismo. Por outras palavras, quanto mais real parecer o robô, mais estranho parece.
O gráfico representa a variação do nível de familiaridade (que se traduz na resposta emocional) face a um ser artificial, conforme aumenta a sua semelhança física e gestual com um ser humano.
O ponto mais baixo do valor de familiaridade representa uma resposta emocional negativa. A estranheza total. É o sentimento inquietante perante algo que é simultaneamente familiar e não familiar. Um pouco como ver uma pessoa muito parecida com alguém que conhecemos, mas que apesar de estarmos quase convencidos que é mesmo essa pessoa, há algo nas suas feições que não bate certo.
Neste nível elevado de similaridade, há um mecanismo subconsciente de percepção que procura falhas e diferenças para evitar que sejamos enganados. O resultado é esta dissonância cognitiva que perturba o processo de suspensão de incredulidade de que dependem o cinema e os videojogos.
Este mecanismo de defesa não é despoletado com o Ratatouille, por exemplo. Aceitamos um rato falante com aspirações a cozinheiro como aceitamos outras personagens animadas como o Pato Donald ou o Bart Simpson. Estão suficientemente longe do realismo para não nos sentirmos enganados, mas exibem tantas qualidades humanas que nos afeiçoamos a eles. Estão alto na escala, mas ainda longe do Uncanny Valley. Quando não há pretensão da personagem se fazer passar por humano, não se cria dissonância.
Final Fantasy: The Spirits Within de Hironobu Sakaguchi foi uma das primeiras tentativas sérias de criar actores virtuais hiper-realistas, e um dos primeiros trambolhões do cinema no Uncanny Valley. Curiosamente, os extraterrestres de Final Fantasy resultaram em personagens mais credíveis que os humanos, isto porque o mecanismo subconsciente de detecção de erros está especializado em interpretar reacções humanas, e não tem expectativa nenhuma em relação a extraterrestres.
Desconfio, aliás, que é precisamente esta expectativa que trama a Angelina Jolie virtual no Beowulf. Se por um lado criar personagens com a cara dos actores que lhes dão voz faz sentido tecnicamente, porque facilita a transição dos dados de captura de movimentos para o modelo 3D, por outro gera maior dissonância porque conhecemos bem os actores em questão e sabemos o que esperar da sua imagem.
O mesmo não já acontece com o Capitão Davy Jones em Pirates of the Caribbean: Dead Men´s Chest.
Davy Jones foi um sucesso na escala da credibilidade porque, para além das maravilhas técnicas que a equipe da ILM fez a nível de tecnologia de motion capture, render e shaders, o Davy não tem pretensões a ser humano. A representação de Bill Nighy transparece, especialmente nos olhos, mas não há intenção de reconhecer sequer o actor (apesar de eu, na minha genialidade observacional, o tenha reconhecido), mesmo porque a cara está totalmente coberta pelos tentáculos digitais da criatura. A equipa de efeitos visuais da ILM descobriu um equilíbrio perfeito com Davy Jones, que transmite humanidade, sem no entanto parecer realmente humano.
Actualmente, a chave para evitar o Uncanny Valley parece mesmo ser ficar ou longe do realismo, ou da morfologia humana. Duas soluções que a Pixar aprendeu a explorar de forma sublime.
Enquanto não chega o Avatar de James Cameron, com um sistema inovador de direcção de actores virtuais, é Beowulf que lidera a caminhada para o topo da escala. O filme faz uso das mais recentes técnicas e tecnologias de animação 3D, tecnologias essas que vou deixar para um post futuro para não causar mais dissonâncias gastro-intestinais aos leitores que conseguiram ler isto até ao fim.
Crossing the Great Uncanny Valley
Uncanny Valley Wikipedia
domingo, 16 de dezembro de 2007
Pérola da Comunicação
Isto é o que acontece quando o ilustrador e o copy não se entendem. O objectivo deste sinal é claramente impedir que o Homem-Invisível vá passear o cão para o Estádio Universitário, mas o cretino do copy enganou-se na mensagem e escreveu “Proíbido a cães sem trela”
Estou a brincar, naturalmente. O mais provável é que o Sr. Administrador tenha achado que não valia a pena gastar dinheiro num designer (aqueles gajos abichanados que fazem bonecos) e tenha dado o trabalho da sinalética ao sobrinho-neto, que é assistente de padeiro e tem jeito para computadores, tanto que até é ele que imprime as facturas em Word.
Estou a brincar, naturalmente. O mais provável é que o Sr. Administrador tenha achado que não valia a pena gastar dinheiro num designer (aqueles gajos abichanados que fazem bonecos) e tenha dado o trabalho da sinalética ao sobrinho-neto, que é assistente de padeiro e tem jeito para computadores, tanto que até é ele que imprime as facturas em Word.
sábado, 24 de novembro de 2007
Jack in the Box 5 - rigging
O conjunto dos controlos de animação e posicionamento de um modelo 3D chama-se um rig. Neste caso os controlos são tão simples que o nome me parece um bocadinho pretensioso, mas no interesse de tornar este episódio mais apelativo do que realmente é, fica mesmo rig e não se fala mais no assunto.
A ideia nesta fase de rigging é artilhar os modelos com objectos de apoio que facilitem a movimentação das várias partes móveis, para se poder afinar a composição.
Na caixa há um controlo para a abertura da tampa e outro para a rotação da manivela. A mola está associada a uma spline de quatro vértices, de forma reproduzir a curva sinuosa que tem na ilustração original. Estes vértices permitem ainda ajustar facilmente a distância entre as voltas da mola através das bezier handles.
Os olhos têm um controlo geral para a direcção do olhar e dois controlos secundários para ajustar cada olho individualmente evitando o efeito "estrábico". Compreendo que não é fácil saltar de repente duma caixinha minúscula quando se tem uma cabeçorra daquele tamanho, mas desta vez tem mesmo que ficar tudo perfeito.
Para finalizar, todos os elementos do Jack e da caixa foram interligados segundo uma hierarquia lógica cujo topo é um point helper de fácil acesso. Isto permite movimentar facilmente o Jack sem ter que seleccionar quinhentas coisas de cada vez.
Com esta brincadeira toda o Poly Counter já engordou consideravelmente para os 298.370. Esta contagem considera as meshes com apenas um nível de subdivisão, o que significa que pela altura do render final, no nível dois, deve andar lá pelos 1.200.000 polígonos.
Para já a preocupação é saber se o meu maquinão aguenta os 3.000.000 de polígonos previstos para a modelação em Mudbox...
A imagem mostra um ensaio de composição ainda com iluminação básica, mas que já revela alguns dos problemas com que me vou ter que preocupar, como por exemplo a posição da sombra do Jack. É que o gajo quando tiver a sua popinha à Elvis vai tapar muita luz.
Download para iPhone
Jack in the Box 5 - rigging
Jack in the Box 4 - unwrap
Jack in the Box 3 - modelação base
Jack in the Box 2 - plano de modelação
Jack in the Box 1 - silhueta
A ideia nesta fase de rigging é artilhar os modelos com objectos de apoio que facilitem a movimentação das várias partes móveis, para se poder afinar a composição.
Na caixa há um controlo para a abertura da tampa e outro para a rotação da manivela. A mola está associada a uma spline de quatro vértices, de forma reproduzir a curva sinuosa que tem na ilustração original. Estes vértices permitem ainda ajustar facilmente a distância entre as voltas da mola através das bezier handles.
Os olhos têm um controlo geral para a direcção do olhar e dois controlos secundários para ajustar cada olho individualmente evitando o efeito "estrábico". Compreendo que não é fácil saltar de repente duma caixinha minúscula quando se tem uma cabeçorra daquele tamanho, mas desta vez tem mesmo que ficar tudo perfeito.
Para finalizar, todos os elementos do Jack e da caixa foram interligados segundo uma hierarquia lógica cujo topo é um point helper de fácil acesso. Isto permite movimentar facilmente o Jack sem ter que seleccionar quinhentas coisas de cada vez.
Com esta brincadeira toda o Poly Counter já engordou consideravelmente para os 298.370. Esta contagem considera as meshes com apenas um nível de subdivisão, o que significa que pela altura do render final, no nível dois, deve andar lá pelos 1.200.000 polígonos.
Para já a preocupação é saber se o meu maquinão aguenta os 3.000.000 de polígonos previstos para a modelação em Mudbox...
A imagem mostra um ensaio de composição ainda com iluminação básica, mas que já revela alguns dos problemas com que me vou ter que preocupar, como por exemplo a posição da sombra do Jack. É que o gajo quando tiver a sua popinha à Elvis vai tapar muita luz.
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Jack in the Box 5 - rigging
Jack in the Box 4 - unwrap
Jack in the Box 3 - modelação base
Jack in the Box 2 - plano de modelação
Jack in the Box 1 - silhueta
domingo, 18 de novembro de 2007
Virilidade Instantânea
Longe vão os tempos em que um certo farmacêutico de nome Henri Nestlé desenvolveu a primeira fórmula de leite infantil. Volvidos 140 anos, o KrippArt traz aos seus blogospectadores a metodologia suprema para a preparação do CERELAC© mais viril da história das papinhas instantâneas.
Devo alertar que este modo de preparação não é para todos. Não se deixem enganar pela etiqueta do ursinho azul que diz “a partir dos 6 meses - com leite de transição”, o CERELAC Krippmeister© é um verdadeiro desafio à masculinidade. Se és um homem com eles no sítio, ou uma mulher de barba rija, tenta a tua sorte.
Vamos a isto. O único CERELAC© que interessa é o de maçã. Isto é um dogma, é final e indiscutível. Num mundo perfeito, onde não há guerras e as criancinhas são felizes e as mulheres sofrem todas de um desejo libidinoso incontrolável por designers carecas com apelidos estranhos, o CERELAC Maçãs© preenche prateleiras inteiras dos supermercados. Não há nada daquelas infantilidades com laranjas e bananas e baunilhas.
A água é LUSO©. Bem sei que há quem não goste, mas o sabor metalizado é uma parte fundamental no processo. A utilização de qualquer outra água consistirá num desvio grave à metodologia, e como tal resultará num preparado desprovido de qualquer macheza viril, justificadamente sujeito a injúrias verbais de natureza homofóbica.
Tecidas as considerações iniciais, vejamos os três estádios do processo:
Estádio 1 – Luso-Hiperhidrofilicalização
Num prato de sopa, verter água LUSO© à temperatura ambiente, até 5mm acima do nível da aresta que define o limite externo da concavidade mais profunda do prato, delimitativa da terminação interna da área imediatamente adjacente ao rebordo.
Estádio 2 – Lácteo-Farinhizamentalização
Juntar a farinha CERELAC Maçãs© ao mesmo tempo que mexe com uma colher. Utilizar SEMPRE uma colher na fase de Lácteo-Farinhizamentalização, de maneira a promover a formação de grumos estruturalmente íntegros, com a respectiva película envolvente a proteger o núcleo formado por farinha no seu estado original.
A mistura não deve atingir uma consistência sólida. Como indicador, deve dar-se uma colherada no preparado para verificar se a superfície retoma uma geometria plana. Se a superfície mantiver a depressão causada pela colher, é sinal que cometeu uma falha fatal na preparação. Adicionar mais água nesta fase é um esforço inútil, terá que retomar o processo do início e viver para sempre com a vergonha do fracasso.
Estádio 3 – Estrato-Polvilhalizamentação Gravítica
Nesta última e mais exigente fase do processo de preparação do fabuloso CERELAC Krippmeister© deve polvilhar a superfície do preparado com a farinha láctea, aplicando várias camadas uniformes de forma a cobrir por completo a superfície. A aplicação por estratos impede a água de ser absorvida pelas camadas superiores, mantendo o polvilhado seco e crocante e garantindo uma experiência degustativa análoga ao movimento impetuoso dos humores que, no acto sexual, precede ao declínio da tensão.
Disclaimer: em alguns casos O CERELAC Krippmeister© pode causar dependência, aumento de pilosidade nas zonas torácica e genital (ambos os sexos), alucinações fortes e um ímpeto descontrolados para ver o Baby TV e cantar o tema do Noddy, entre outros. O KrippArt não se responsabiliza por quaisquer efeitos nefastos dos preparados aqui referenciados.
Devo alertar que este modo de preparação não é para todos. Não se deixem enganar pela etiqueta do ursinho azul que diz “a partir dos 6 meses - com leite de transição”, o CERELAC Krippmeister© é um verdadeiro desafio à masculinidade. Se és um homem com eles no sítio, ou uma mulher de barba rija, tenta a tua sorte.
Vamos a isto. O único CERELAC© que interessa é o de maçã. Isto é um dogma, é final e indiscutível. Num mundo perfeito, onde não há guerras e as criancinhas são felizes e as mulheres sofrem todas de um desejo libidinoso incontrolável por designers carecas com apelidos estranhos, o CERELAC Maçãs© preenche prateleiras inteiras dos supermercados. Não há nada daquelas infantilidades com laranjas e bananas e baunilhas.
A água é LUSO©. Bem sei que há quem não goste, mas o sabor metalizado é uma parte fundamental no processo. A utilização de qualquer outra água consistirá num desvio grave à metodologia, e como tal resultará num preparado desprovido de qualquer macheza viril, justificadamente sujeito a injúrias verbais de natureza homofóbica.
Tecidas as considerações iniciais, vejamos os três estádios do processo:
Estádio 1 – Luso-Hiperhidrofilicalização
Num prato de sopa, verter água LUSO© à temperatura ambiente, até 5mm acima do nível da aresta que define o limite externo da concavidade mais profunda do prato, delimitativa da terminação interna da área imediatamente adjacente ao rebordo.
Estádio 2 – Lácteo-Farinhizamentalização
Juntar a farinha CERELAC Maçãs© ao mesmo tempo que mexe com uma colher. Utilizar SEMPRE uma colher na fase de Lácteo-Farinhizamentalização, de maneira a promover a formação de grumos estruturalmente íntegros, com a respectiva película envolvente a proteger o núcleo formado por farinha no seu estado original.
A mistura não deve atingir uma consistência sólida. Como indicador, deve dar-se uma colherada no preparado para verificar se a superfície retoma uma geometria plana. Se a superfície mantiver a depressão causada pela colher, é sinal que cometeu uma falha fatal na preparação. Adicionar mais água nesta fase é um esforço inútil, terá que retomar o processo do início e viver para sempre com a vergonha do fracasso.
Estádio 3 – Estrato-Polvilhalizamentação Gravítica
Nesta última e mais exigente fase do processo de preparação do fabuloso CERELAC Krippmeister© deve polvilhar a superfície do preparado com a farinha láctea, aplicando várias camadas uniformes de forma a cobrir por completo a superfície. A aplicação por estratos impede a água de ser absorvida pelas camadas superiores, mantendo o polvilhado seco e crocante e garantindo uma experiência degustativa análoga ao movimento impetuoso dos humores que, no acto sexual, precede ao declínio da tensão.
Disclaimer: em alguns casos O CERELAC Krippmeister© pode causar dependência, aumento de pilosidade nas zonas torácica e genital (ambos os sexos), alucinações fortes e um ímpeto descontrolados para ver o Baby TV e cantar o tema do Noddy, entre outros. O KrippArt não se responsabiliza por quaisquer efeitos nefastos dos preparados aqui referenciados.
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
Pérola da Comunicação
Esta meus amigos, é a Padeirinha da Serra. Isto se acreditarem que é realmente uma boazona de negligé e saltos altos que faz o pãozinho todas as noites... e porque não? Há quem acredite na imaculada concepção, a partir daí tudo é possível. Mas falando a sério, eu percebo a mensagem, é um bocado o conceito da menina da bilha Pluma. É óbvio que não é uma modelo sexy de leste com um pernão até ao pescoço que nos entrega o gás, é um tuga gordo a cheirar a tabaco e bagaço, mas lá está, o sexo vende carros, vende roupa, vende perfumes, vende gás, e aparentemente vende pão.
Só não estou inteiramente convencido que seja boa ideia misturar uma mensagem sexual com comida. Até porque a padeirinha é da serra, e aqui na zona metropolitana de Lisboa o que há de mais parecido com uma serra é monsanto. Estão a ver o problema? Uma vez posicionada a padeirinha de lingerie e saltos altos na noite de monsanto, a expressão “com a mão na massa” toma interpretações preocupantes, precisamente porque é ela que me faz o pão do pequeno almoço. Já a menina da Pluma “com a boca na botija” tem uma conotação de certo modo mais encantadora...
Só não estou inteiramente convencido que seja boa ideia misturar uma mensagem sexual com comida. Até porque a padeirinha é da serra, e aqui na zona metropolitana de Lisboa o que há de mais parecido com uma serra é monsanto. Estão a ver o problema? Uma vez posicionada a padeirinha de lingerie e saltos altos na noite de monsanto, a expressão “com a mão na massa” toma interpretações preocupantes, precisamente porque é ela que me faz o pão do pequeno almoço. Já a menina da Pluma “com a boca na botija” tem uma conotação de certo modo mais encantadora...
Jack in the Box - update
Ainda não está finalizada, mas já dá para ver como ficará o modelo final da caixa do Jack. Faltam ainda alguns pormenores como dobradiças e talvez alguma sugestão de mecanismos no interior. Depois de texturada será uma caixa de madeira pintada com cores fortes, mas já meio gastas, ornamentada com os elementos metálicos enferrujados.
O grau de detalhe está bom para a dimensão que a caixa terá na ilustração final, por isso grande parte dos pequenos elementos que a compõe não necessitam sequer de subdivisão, só da configuração correcta dos smoothing groups para manter as arestas definidas. Ainda assim, a cena total já vai em 123.533 polígonos, dez vezes mais que a contagem anterior.
A seguir vou dedicar-me ao ursinho de peluche e volto a postar um update.
O grau de detalhe está bom para a dimensão que a caixa terá na ilustração final, por isso grande parte dos pequenos elementos que a compõe não necessitam sequer de subdivisão, só da configuração correcta dos smoothing groups para manter as arestas definidas. Ainda assim, a cena total já vai em 123.533 polígonos, dez vezes mais que a contagem anterior.
A seguir vou dedicar-me ao ursinho de peluche e volto a postar um update.
domingo, 14 de outubro de 2007
Jack in the Box 4 - unwrap
A questão do espaço web está resolvida, e finalmente tenho todos os filmes online, hospedados num servidor no meu local de trabalho.
Quanto ao senhor Jack, com o unwrap concluído aproxima-se a fase de modelação dos detalhes hiper-realistas, que é a parte mais divertida. Mas antes disso vou ainda modelar a caixa, a mola, o ursinho de peluche, a bola e o quarto. É possível que entretanto acrescente um ou outro pormenor que me pareça interessante.
Relembro que esta ilustração vai ser enviada para a revista 3D World na esperança de aparecer lá num cantinho ridículo e minúsculo com o meu nome, coisa que me irá tornar insuportavelmente convencido nos três meses seguintes, embora nem por isso mais rico. O mais provável porém, é que o Jack não apareça em lado nenhum e eu me tenha que tornar insuportavelmente convencido por outra razão qualquer.
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Jack in the Box 4 - unwrap
Jack in the Box 3 - modelação base
Jack in the Box 2 - plano de modelação
Jack in the Box 1 - silhueta
Quanto ao senhor Jack, com o unwrap concluído aproxima-se a fase de modelação dos detalhes hiper-realistas, que é a parte mais divertida. Mas antes disso vou ainda modelar a caixa, a mola, o ursinho de peluche, a bola e o quarto. É possível que entretanto acrescente um ou outro pormenor que me pareça interessante.
Relembro que esta ilustração vai ser enviada para a revista 3D World na esperança de aparecer lá num cantinho ridículo e minúsculo com o meu nome, coisa que me irá tornar insuportavelmente convencido nos três meses seguintes, embora nem por isso mais rico. O mais provável porém, é que o Jack não apareça em lado nenhum e eu me tenha que tornar insuportavelmente convencido por outra razão qualquer.
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Jack in the Box 4 - unwrap
Jack in the Box 3 - modelação base
Jack in the Box 2 - plano de modelação
Jack in the Box 1 - silhueta
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Jack in the Box - update
O Jack tem andado um bocado parado ultimamente por falta de espaço online para hospedar os filmes, o que também me obrigou a tirar do ar o primeiro filme para poder mostrar o da modelação base. Por enquanto só poderei ter dois filmes no ar em simultâneo.
Entretanto o modelo levou mais uma passagem de detalhe, só para definir as pregas e rugas maiores e refinar os edge loops. Acrescentei também umas cicatrizes que não tinham sido previstas no conceito inicial, mas que contribuem para dar um ar mais violento ao Jack. Também modelei os olhos correctamente, com uma esfera exterior para a camada externa transparente do olho, que contêm a saliência da córnea, e uma esfera interior para o corpo opaco com a depressão da íris e o orifício da pupila. No próximo filme mostrarei estas modificações mais detalhadamente antes de preparar as coordenadas para a textura.
O novo nível de detalhe aumentou o número de polígonos da geometria, mas se repararem o Poly Counter está com um número menor que anteriormente. A explicação curta para isto é que eu fui nabo. A explicação detalhada é que me esqueci de desligar o modificador de subdivisão num dos elementos do modelo quando fiz a primeira contagem e deu um número incorrecto.
Para ficarem com uma noção correcta da evolução da topologia, o primeiro modelo tinha na verdade 9.236 polys e não 16.552, e esta última versão mais detalhada tem 12.100. Esta será a versão final do modelo base que irá para o Mudbox para a modelação do detalhe de alta frequência.
Não percam o próximo episódio com uma visão mais completa destes últimos detalhes e o fabuloso unwrap UVW que promete ser uma seca ainda maior que as outras.
Entretanto o modelo levou mais uma passagem de detalhe, só para definir as pregas e rugas maiores e refinar os edge loops. Acrescentei também umas cicatrizes que não tinham sido previstas no conceito inicial, mas que contribuem para dar um ar mais violento ao Jack. Também modelei os olhos correctamente, com uma esfera exterior para a camada externa transparente do olho, que contêm a saliência da córnea, e uma esfera interior para o corpo opaco com a depressão da íris e o orifício da pupila. No próximo filme mostrarei estas modificações mais detalhadamente antes de preparar as coordenadas para a textura.
O novo nível de detalhe aumentou o número de polígonos da geometria, mas se repararem o Poly Counter está com um número menor que anteriormente. A explicação curta para isto é que eu fui nabo. A explicação detalhada é que me esqueci de desligar o modificador de subdivisão num dos elementos do modelo quando fiz a primeira contagem e deu um número incorrecto.
Para ficarem com uma noção correcta da evolução da topologia, o primeiro modelo tinha na verdade 9.236 polys e não 16.552, e esta última versão mais detalhada tem 12.100. Esta será a versão final do modelo base que irá para o Mudbox para a modelação do detalhe de alta frequência.
Não percam o próximo episódio com uma visão mais completa destes últimos detalhes e o fabuloso unwrap UVW que promete ser uma seca ainda maior que as outras.
terça-feira, 2 de outubro de 2007
Treta da Semana
No blog Ktreta, o meu irmão Ludwig pronunciou-se sobre a treta das crianças índigo, e o papel da Sra. Isabel Leal na sua divulgação. O leitor Paulo Marques, um conhecido da Isabel Leal, não aceitou a crítica e comentou proferindo umas quantas ameaças patéticas que fizeram pouco mais que divertir os leitores do Ktreta.
Este tipo de comportamento é bastante comum em pessoal que vive agarrado a essas crendices, e que, em vez de proteger as suas crenças mostrando argumentos e provas fiáveis, tentam abafar as críticas para que não se instale a dúvida. Espertos, certamente também têm a noção que se pensarmos cinco minutos sobre a palermice que apregoam, ela desmorona-se.
Como consequência da sua tentativa infeliz de assustar os leitores do Ktreta, o Paulo conseguiu apenas que o post da Treta da Semana fosse replicado na íntegra aqui no Krippart. Parabéns.
Treta da Semana: Isabel Leal
por Ludwig Krippahl
"«Em busca de respostas a inquietações profundas descobriu o poder de algumas formas de cura alternativas como Reiki, Karuna Reiki, Meditação, Jin Shin Jyutsu, Crystal Healing, A caracterização do Ser humano segundo a coloração da aura bem como as compatibilidades entre cada cor/aura humana.[...] Iniciou os estudos sobre o fenómeno Índigo e Cristal em Portugal e mais recentemente nos EUA. [...] É com base nos estudos que tem desenvolvido que dá apoio a estas crianças e suas famílias numa clinica em Lisboa.[...] »(1)
Este post foi difícil de escrever. Nem sabia para onde me virar. Curas alternativas? Crianças Índigo e Cristal? Caracterizar pela cor-barra-aura*? Decidi dividir isto em várias partes e dedicar este primeiro post à Isabel Leal, que será a minha musa inspiradora nas próximas semanas.
Na sua clínica, a Isabel Leal dá consultas de:
«Acompanhamento de casos que necessitam de melhoria no rendimento escolar, resolução de terrores nocturnos, dificuldades do sono, desequilíbrios alimentares e comportamentais.
Expansão da área criativa e energética.
Consultas de apoio familiar a:
* Crianças Índigo e familiares
* Crianças Cristal e familiares
* Crianças Arco Íris e familiares»(2)
Se questionam as suas habilitações para resolver os terrores nocturnos e os desequilíbrios alimentares das crianças, fiquem descansados. A Isabel «é licenciada em Gestão e trabalhou por 20 anos em empresas nacionais e multinacionais»(1). E é tão rigorosa no diagnóstico que pede aos pais para trazer «a hora/local de nascimento da criança»(2), porque «É estudante de astrologia, pois acredita que esta ferramenta é bastante útil na definição do perfil da criança»(1).
E vê-se que é escritora. «Convidada de diversos de programas de televisão, rádio e media em geral, leva esta nova experiência a quem lida com crianças no dia a dia procurando dar a mais recente energia de informação e de regeneração a todos os interessados nestas matérias.»(1)
A mais recente energia de informação e regeneração. Não vou comentar, mas queria saborear isto. A mais recente energia de informação e regeneração.
A Isabel Leal, além de terapeuta, dá cursos de Crystal Healing, Reiki, e Karuna Reiki, e é autora de dois livros intitulados As Crianças de um Novo Mundo: os Índigo, e os Cristal. São crianças sobredotadas. As Índigo são capazes de ver espectros de luz. O que dá jeito para não ser cego. As Cristal têm uma energia de grande amplitude espiritual que é fundamental para operar a transição da era de Peixes para a de Aquário (3). Aparentemente, a precessão dos equinócios não é um fenómeno físico. É trabalho infantil. Eu voto que se acabe com isto. É que não compensa o esforço destas crianças só para vermos o Sol a 50,3 segundos de arco da posição que tinha no equinócio do ano anterior. Deixem os miúdos brincar à vontade. Logo se preocupam com a orientação do eixo da Terra quando forem crescidos.
Deixo aqui um muito obrigado à Isabel Leal pela sua extraordinária imaginação. Parece-me que até ao Natal já não vou precisar de procurar temas para esta rubrica.
*A Isabel Leal usa a expressão cor/aura, mas não sei se a barra se faz com um gesto da mão numa curta pausa entre cor e aura ou se é suposto ler a barra. Como neste post não se vê os gestos que faço com a mão (felizmente...) decidi escrever assim."
Treta da Semana: Isabel Leal
Ktreta
Este tipo de comportamento é bastante comum em pessoal que vive agarrado a essas crendices, e que, em vez de proteger as suas crenças mostrando argumentos e provas fiáveis, tentam abafar as críticas para que não se instale a dúvida. Espertos, certamente também têm a noção que se pensarmos cinco minutos sobre a palermice que apregoam, ela desmorona-se.
Como consequência da sua tentativa infeliz de assustar os leitores do Ktreta, o Paulo conseguiu apenas que o post da Treta da Semana fosse replicado na íntegra aqui no Krippart. Parabéns.
Treta da Semana: Isabel Leal
por Ludwig Krippahl
"«Em busca de respostas a inquietações profundas descobriu o poder de algumas formas de cura alternativas como Reiki, Karuna Reiki, Meditação, Jin Shin Jyutsu, Crystal Healing, A caracterização do Ser humano segundo a coloração da aura bem como as compatibilidades entre cada cor/aura humana.[...] Iniciou os estudos sobre o fenómeno Índigo e Cristal em Portugal e mais recentemente nos EUA. [...] É com base nos estudos que tem desenvolvido que dá apoio a estas crianças e suas famílias numa clinica em Lisboa.[...] »(1)
Este post foi difícil de escrever. Nem sabia para onde me virar. Curas alternativas? Crianças Índigo e Cristal? Caracterizar pela cor-barra-aura*? Decidi dividir isto em várias partes e dedicar este primeiro post à Isabel Leal, que será a minha musa inspiradora nas próximas semanas.
Na sua clínica, a Isabel Leal dá consultas de:
«Acompanhamento de casos que necessitam de melhoria no rendimento escolar, resolução de terrores nocturnos, dificuldades do sono, desequilíbrios alimentares e comportamentais.
Expansão da área criativa e energética.
Consultas de apoio familiar a:
* Crianças Índigo e familiares
* Crianças Cristal e familiares
* Crianças Arco Íris e familiares»(2)
Se questionam as suas habilitações para resolver os terrores nocturnos e os desequilíbrios alimentares das crianças, fiquem descansados. A Isabel «é licenciada em Gestão e trabalhou por 20 anos em empresas nacionais e multinacionais»(1). E é tão rigorosa no diagnóstico que pede aos pais para trazer «a hora/local de nascimento da criança»(2), porque «É estudante de astrologia, pois acredita que esta ferramenta é bastante útil na definição do perfil da criança»(1).
E vê-se que é escritora. «Convidada de diversos de programas de televisão, rádio e media em geral, leva esta nova experiência a quem lida com crianças no dia a dia procurando dar a mais recente energia de informação e de regeneração a todos os interessados nestas matérias.»(1)
A mais recente energia de informação e regeneração. Não vou comentar, mas queria saborear isto. A mais recente energia de informação e regeneração.
A Isabel Leal, além de terapeuta, dá cursos de Crystal Healing, Reiki, e Karuna Reiki, e é autora de dois livros intitulados As Crianças de um Novo Mundo: os Índigo, e os Cristal. São crianças sobredotadas. As Índigo são capazes de ver espectros de luz. O que dá jeito para não ser cego. As Cristal têm uma energia de grande amplitude espiritual que é fundamental para operar a transição da era de Peixes para a de Aquário (3). Aparentemente, a precessão dos equinócios não é um fenómeno físico. É trabalho infantil. Eu voto que se acabe com isto. É que não compensa o esforço destas crianças só para vermos o Sol a 50,3 segundos de arco da posição que tinha no equinócio do ano anterior. Deixem os miúdos brincar à vontade. Logo se preocupam com a orientação do eixo da Terra quando forem crescidos.
Deixo aqui um muito obrigado à Isabel Leal pela sua extraordinária imaginação. Parece-me que até ao Natal já não vou precisar de procurar temas para esta rubrica.
*A Isabel Leal usa a expressão cor/aura, mas não sei se a barra se faz com um gesto da mão numa curta pausa entre cor e aura ou se é suposto ler a barra. Como neste post não se vê os gestos que faço com a mão (felizmente...) decidi escrever assim."
Treta da Semana: Isabel Leal
Ktreta
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Amazingjackintheboxpoly quê?
Num comentário ao post anterior, a Joaninha perguntou o que raio é aquele tal de “Poly Counter” que apareceu ali na página. Para quem estiver interessado está aqui a resposta.
Joaninha linda, estás a ver na imagem aquela grelha sobre a pele do Jack? Cada quadradinho da grelha é um polígono, ou poly. O conjunto desses polígonos todos colados uns aos outros forma a superfície do modelo.
O número de polígonos num modelo determina a qualidade do pormenor que se pode modelar. Quantos mais forem os polígonos, mais fina é a malha, e portanto mais definidos serão os pormenores. Nesta fase da modelação o Jack tem 16.552 polígonos, mas mais à frente vou cortar de novo a topologia de modo a refinar as formas, acrescentar rugas, e definir melhor a estrutura facial, e a contagem vai crescer talvez para uns 20.000. Na altura de modelar o detalhe de alta frequência como rugas minúsculas, poros ou borbulhas, o número de polígonos andará por volta dos 3.000.000, e o meu computador vai-me chamar todos os nomes que sabe em binário e mais uns quantos em hexadecimal.
O Amazing Jack in the Box Poly Counter é mais uma brincadeira que algo de realmente útil ou interessante, mas a ideia é ir contabilizando a evolução da peça através do número total de polígonos. Conforme fôr acrescentando os restantes modelos à cena final, estes serão também contabilizados. Para além de que um número grandalhão dá sempre um ar importante a qualquer projecto. Por isso é que nos videojogos, explodir com uma nave não dá 3 pontos, dá 50.000.
Joaninha linda, estás a ver na imagem aquela grelha sobre a pele do Jack? Cada quadradinho da grelha é um polígono, ou poly. O conjunto desses polígonos todos colados uns aos outros forma a superfície do modelo.
O número de polígonos num modelo determina a qualidade do pormenor que se pode modelar. Quantos mais forem os polígonos, mais fina é a malha, e portanto mais definidos serão os pormenores. Nesta fase da modelação o Jack tem 16.552 polígonos, mas mais à frente vou cortar de novo a topologia de modo a refinar as formas, acrescentar rugas, e definir melhor a estrutura facial, e a contagem vai crescer talvez para uns 20.000. Na altura de modelar o detalhe de alta frequência como rugas minúsculas, poros ou borbulhas, o número de polígonos andará por volta dos 3.000.000, e o meu computador vai-me chamar todos os nomes que sabe em binário e mais uns quantos em hexadecimal.
O Amazing Jack in the Box Poly Counter é mais uma brincadeira que algo de realmente útil ou interessante, mas a ideia é ir contabilizando a evolução da peça através do número total de polígonos. Conforme fôr acrescentando os restantes modelos à cena final, estes serão também contabilizados. Para além de que um número grandalhão dá sempre um ar importante a qualquer projecto. Por isso é que nos videojogos, explodir com uma nave não dá 3 pontos, dá 50.000.
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
Jack in the Box 3 - modelação base
Finalmente meti a mão na massa para modelar a geometria base. Nesta fase a preocupação é principalmente conseguir um modelo fiel ao conceito desenhado, em termos de proporções e volumes, construindo uma topologia sem erros e com os respectivos loops a acompanhar a estrutura óssea e muscular da cara do Jack.
Há já alguma indicação de pormenor de baixa frequência, como as principais rugas do sobrolho ou do canto da boca, mas ainda sem qualquer definição. Antes porém de continuar a acrescentar pormenor vou fazer o unwrap do modelo, enquanto tem poucas faces e está simples. Esse será o próximo post do Jack.
Para terminar fica a indicação do número de polígonos do modelo no presente estágio de desenvolvimento. No futuro podem perder o vosso precioso tempo a consultar esta informação inútil no Amazing Jack in the Box Poly Counter ali à esquerda.
Poly Count = 16.552
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Jack in the Box 3 - modelação base
Jack in the Box 2 - plano de modelação
Jack in the Box 1 - silhueta
Há já alguma indicação de pormenor de baixa frequência, como as principais rugas do sobrolho ou do canto da boca, mas ainda sem qualquer definição. Antes porém de continuar a acrescentar pormenor vou fazer o unwrap do modelo, enquanto tem poucas faces e está simples. Esse será o próximo post do Jack.
Para terminar fica a indicação do número de polígonos do modelo no presente estágio de desenvolvimento. No futuro podem perder o vosso precioso tempo a consultar esta informação inútil no Amazing Jack in the Box Poly Counter ali à esquerda.
Poly Count = 16.552
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Jack in the Box 3 - modelação base
Jack in the Box 2 - plano de modelação
Jack in the Box 1 - silhueta
domingo, 9 de setembro de 2007
Olé!
Foi com um profundo pesar que li num jornal a notícia do acidente de treino do Pedrito de Portugal, no dia 6 de Setembro, em que uma queda sobre a espada lhe feriu a perna esquerda. Mais concretamente, foi com um profundo pesar que li que o anormal sobreviveu.
Que excelente oportunidade de nos vermos livre desse cretino de sapatinho de ballet cor de rosa e lantejoulas que espeta ferros em touros para gáudio de uma cambada de labregos mentecaptos. Não só teve o descaramento de não morrer, como ainda foi para o hospital gastar o dinheiro dos nossos impostos em tratamentos.
Já não é a primeira vez que o Pedrito nos faz uma desfeita destas. Ao que parece ele tem levado cornadas em tudo o que é arena por esse mundo fora, mas por alguma razão teima em não morrer.
Seria de esperar que um azelha no toureio tivesse a mesma esperança de vida que um daltónico na brigada de minas e armadilhas, mas não - a tourada é um duelo tão desequilibrado a favor dos mariconços dos toureiros que mesmo o nabo do Pedrito, que quase se matou sozinho com a própria espada, consegue brilhar como matador. Há uns tempos ainda foi colhido na zona genital, mas tem tanta sorte com os malditos dos cortes “limpos” que não furou sequer os intestinos. Estou tão desalentado com a aparente imortalidade desta figura da cultura lusa que já me contentaria com uma cornada que lhe provocasse azia...
Em 2001 elevou-se de forma sublime na sua cretinice e matou um touro na arena, tendo sido condenado a pagar uma multa no valor de 100.000 euros. Mais tarde afirmou: “Naquela noite, as pessoas começaram a gritar "mata, mata" e levantaram-se com lenços brancos na mão. Fui levado pelo momento. Depois, a multidão levou-me em ombros pelas ruas da cidade”. Eu proponho que na próxima corrida o público se levante a gritar “morre, morre” com lenços brancos na mão. Com um bocado de sorte o Pedrito é “levado pelo momento” e manda-se outra vez para cima da espada. Olé!
Que excelente oportunidade de nos vermos livre desse cretino de sapatinho de ballet cor de rosa e lantejoulas que espeta ferros em touros para gáudio de uma cambada de labregos mentecaptos. Não só teve o descaramento de não morrer, como ainda foi para o hospital gastar o dinheiro dos nossos impostos em tratamentos.
Já não é a primeira vez que o Pedrito nos faz uma desfeita destas. Ao que parece ele tem levado cornadas em tudo o que é arena por esse mundo fora, mas por alguma razão teima em não morrer.
Seria de esperar que um azelha no toureio tivesse a mesma esperança de vida que um daltónico na brigada de minas e armadilhas, mas não - a tourada é um duelo tão desequilibrado a favor dos mariconços dos toureiros que mesmo o nabo do Pedrito, que quase se matou sozinho com a própria espada, consegue brilhar como matador. Há uns tempos ainda foi colhido na zona genital, mas tem tanta sorte com os malditos dos cortes “limpos” que não furou sequer os intestinos. Estou tão desalentado com a aparente imortalidade desta figura da cultura lusa que já me contentaria com uma cornada que lhe provocasse azia...
Em 2001 elevou-se de forma sublime na sua cretinice e matou um touro na arena, tendo sido condenado a pagar uma multa no valor de 100.000 euros. Mais tarde afirmou: “Naquela noite, as pessoas começaram a gritar "mata, mata" e levantaram-se com lenços brancos na mão. Fui levado pelo momento. Depois, a multidão levou-me em ombros pelas ruas da cidade”. Eu proponho que na próxima corrida o público se levante a gritar “morre, morre” com lenços brancos na mão. Com um bocado de sorte o Pedrito é “levado pelo momento” e manda-se outra vez para cima da espada. Olé!
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
A Caganeira Faz Bem aos Ossos
Muito provavelmente neste preciso momento há um tipo chamado João que está a insultar-me com todos os nomes que conhece em 20 línguas diferentes enquanto espeta alfinetes voodoo em brasa num bonequinho careca com cara de parvo.
A sorte duns é o azar dos outros, mas neste caso é mais correcto dizer a caga brutal duns é a desgraça miserável de outros.
Eu gosto de jogar futebol, é uma coisa que me ficou desde puto, e sempre que posso faço o meu joguinho de trintão acabado. Há dias um amigo convidou-me para uma partida, mas eu estava a recuperar de três dias de indisposição gasto-intestinal provocada pela ingestão excessiva de gaspacho, e recusei o convite. O João foi jogar no meu lugar, e essa foi talvez uma das piores decisões da sua vida.
A meio do jogo ele sofre uma falta violenta que lhe parte o pé. Cai no chão a contorcer-se de dores, e no meio dos grunhidos e palavrões que dirige ao tipo que o agrediu, percebe-se que quer ir imediatamente para o hospital. Os médicos decidem-se por engessar o pé, e ao fim de uns quinze dias volta ao hospital, já curado, para tirar o gesso.
"Já está, mexa o pé." diz o médico com um ar confiante que rapidamente se começa a desvanecer quando percebe que a única coisa que o João consegue mexer são os músculos todos da cara, incluindo as orelhas, com o esforço de tentar articular um pé mal curado. As radiografias trazem más notícias. Houve duas fracturas adicionais que não tinham sido detectadas na altura da lesão, e que cicatrizaram fora do sítio. A incompetência dos médicos significa que terá que voltar a partir os ossos do pé para serem realinhados.
O João volta para casa, e nos dias seguintes compra umas muletas para ter mobilidade suficiente para regressar ao trabalho, enquanto espera pela cirurgia. O primeiro dia de trabalho começa com a viagem de taxi para o escritório. Começa e acaba, porque a meio caminho o taxista espeta-se noutro carro. Desta vez é o joelho não resiste. O João voltou para o hospital com um joelho partido, e um pé por partir.
Não conheço o João, mas qualquer dia quero conhecer, e de preferência numa altura em que ele não tenha as muletas à mão...
A sorte duns é o azar dos outros, mas neste caso é mais correcto dizer a caga brutal duns é a desgraça miserável de outros.
Eu gosto de jogar futebol, é uma coisa que me ficou desde puto, e sempre que posso faço o meu joguinho de trintão acabado. Há dias um amigo convidou-me para uma partida, mas eu estava a recuperar de três dias de indisposição gasto-intestinal provocada pela ingestão excessiva de gaspacho, e recusei o convite. O João foi jogar no meu lugar, e essa foi talvez uma das piores decisões da sua vida.
A meio do jogo ele sofre uma falta violenta que lhe parte o pé. Cai no chão a contorcer-se de dores, e no meio dos grunhidos e palavrões que dirige ao tipo que o agrediu, percebe-se que quer ir imediatamente para o hospital. Os médicos decidem-se por engessar o pé, e ao fim de uns quinze dias volta ao hospital, já curado, para tirar o gesso.
"Já está, mexa o pé." diz o médico com um ar confiante que rapidamente se começa a desvanecer quando percebe que a única coisa que o João consegue mexer são os músculos todos da cara, incluindo as orelhas, com o esforço de tentar articular um pé mal curado. As radiografias trazem más notícias. Houve duas fracturas adicionais que não tinham sido detectadas na altura da lesão, e que cicatrizaram fora do sítio. A incompetência dos médicos significa que terá que voltar a partir os ossos do pé para serem realinhados.
O João volta para casa, e nos dias seguintes compra umas muletas para ter mobilidade suficiente para regressar ao trabalho, enquanto espera pela cirurgia. O primeiro dia de trabalho começa com a viagem de taxi para o escritório. Começa e acaba, porque a meio caminho o taxista espeta-se noutro carro. Desta vez é o joelho não resiste. O João voltou para o hospital com um joelho partido, e um pé por partir.
Não conheço o João, mas qualquer dia quero conhecer, e de preferência numa altura em que ele não tenha as muletas à mão...
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
Crossroad Keep
Está online o Crossroad Keep, um blog que vai servir de registo das aventuras de Dungeons and Dragons que a malta vai jogar. É um recomeço depois de anos de inactividade em RPG´s, portanto achei que o blog merecia a devida atenção. Em princípio vai ter resumos das sessões de jogo, vai ter bonecada, vai ter as engenhocas malucas que o Paulo inventa para as aventuras, e vai ter o pessoal todo a mandar bocas uns aos outros. Check it out.
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Jack in the Box 2 - plano de modelação
O plano de modelação consiste em desenhar diferentes vistas do modelo que servirão de referência na fase de modelação. Geralmente uma vista lateral e uma frontal são suficientes, embora modelos mais complexos possam requerer mais desenhos, incluindo planos aproximados de pormenor.
Optei por modelar o Jack com base na expressão final, e não a partir de uma expressão neutra, como é geralmente o caso. Isto vai facilitar a produção de um modelo com uma boa topologia e que corresponde melhor à deformação extrema da expressão, mas desconfio que me vai dificultar a aplicação das texturas.
Como diz o tipo que salta do arranha céus ao passar o primeiro andar "bom, até aqui tudo bem..."
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Jack in the Box 2 - plano de modelação
Jack in the Box 1 - silhueta
Optei por modelar o Jack com base na expressão final, e não a partir de uma expressão neutra, como é geralmente o caso. Isto vai facilitar a produção de um modelo com uma boa topologia e que corresponde melhor à deformação extrema da expressão, mas desconfio que me vai dificultar a aplicação das texturas.
Como diz o tipo que salta do arranha céus ao passar o primeiro andar "bom, até aqui tudo bem..."
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Jack in the Box 2 - plano de modelação
Jack in the Box 1 - silhueta
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
Jack in the Box 1 - silhueta
O primeiro post do Jack in the Box, com direito a seca em formato de vídeo e tudo.
Esta primeira fase consiste numa série de ensaios rápidos só a nível da silhueta. Começar por produzir uma silhueta visualmente interessante garante uma boa base para a produção dos planos do modelo, e consequentemente, para o modelo final. A imagem mostra o resultado final desta fase.
Neste primeiro clip da série, pode acompanhar-se o meu processo de experimentação e erro, trabalhando digitalmente numa Wacom Intuos 3 em Photoshop. O mesmo processo pode ser executado em papel e marcador, mas a flexibilidade e facilidade de edição do formato digital são vantagens importantes nesta fase.
O passo seguinte será usar a silhueta final como referência a nível da forma e proporções para desenhar os planos de modelação do Jack, as vistas frontal e lateral do modelo.
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Jack in the Box 1 - silhueta (reeditado a 26/08/07)
Esta primeira fase consiste numa série de ensaios rápidos só a nível da silhueta. Começar por produzir uma silhueta visualmente interessante garante uma boa base para a produção dos planos do modelo, e consequentemente, para o modelo final. A imagem mostra o resultado final desta fase.
Neste primeiro clip da série, pode acompanhar-se o meu processo de experimentação e erro, trabalhando digitalmente numa Wacom Intuos 3 em Photoshop. O mesmo processo pode ser executado em papel e marcador, mas a flexibilidade e facilidade de edição do formato digital são vantagens importantes nesta fase.
O passo seguinte será usar a silhueta final como referência a nível da forma e proporções para desenhar os planos de modelação do Jack, as vistas frontal e lateral do modelo.
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Jack in the Box 1 - silhueta (reeditado a 26/08/07)
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
Jack in the Box
Este é o primeiro post de uma série que pretende ser um "making of" modesto da versão 3D do Jack in the Box, uma ilustração que fiz há coisa de 13 anos.
Na altura estava a aperfeiçoar a técnica de lápis de cor como material de pintura, mas nunca achei que conseguisse dar às imagens o impacto que pretendia. Pareceu-me que ficava sempre muito aquém, principalmente pela falta de contraste no registo. Mais tarde passei para a aguarela, tinta da china e acrílicos, mas o Jack ficou sempre num canto como uma boa ideia mal concretizada. Ás tantas lá foi parar à parede da sala porque os meus pais acham que o Bruninho é genial. Mesmo sabendo que o Bruninho só aprendeu a ler na quarta classe e demorou oito anos a tirar um curso de cinco. Vá-se lá perceber esta gente…
Quero manter-me o mais fiel possível à ideia original, tanto a nível da forma como da composição. Até porque o melhor elemento da ilustração é mesmo o ursinho de peluche aterrorizado. Grande parte dos comentários feitos ao desenho referem a piada da expressão do ursinho, portanto é claramente um elemento a manter.
O objectivo deste projecto é ganhar experiência no processo de ilustração 3D, pelo que tecnicamente isto vai requerer os seguintes passos, devidamente acompanhados por posts regulares (espero eu):
1-Character sheet para o Jack e o urso, com as necessárias vistas ortogonais de cada um para referência na modelação.
2-Modelação poligonal em 3D Studio Max com todos os detalhes de baixa frequência que conseguir pôr nos modelos. Apesar do objectivo ser uma ilustração estática e não uma animação, será boa ideia trabalhar com a devida atenção aos adge loops, assim como evitar os chatos dos triângulos na mesh. Visto que não há modelos nem elementos complexos a nível de poses articuladas, não vou construir rigs nem controles de animação (iháááá!).
3-Criação de normal maps em Mudbox. Esta é a fase de modelação do detalhe de alta frequência pelo que espero chegar a qualquer coisa na ordem dos milhões de polígonos no modelo do Jack, vamos ver como o meu maquinão se comporta.
4-Texturas para toda a malta. Quero ser eu a preparar todas as texturas de raíz, o que implica referências fotográficas, scans e mais scans e horas de Photoshop. Depois é de volta ao Max para o layout dos UVWs, uma batelada de experimentação e simulação para a gadelha "Elvis" do Jack e os pêlos do urso, e tratar da iluminação final.
5-Render em Mental Ray. Não há reflexos nem caustics nem refracções complicadas na cena, mas a pele do Jack é uma grande superfície que requer sub-surface scattering, e a trunfa, juntamente com o peluche vão puxar bem pela hair simulation do Max. A isto tudo há ainda que juntar a iluminação global, HDRI e area shadows. Estou a contar com pelo menos 4 passes: difuse, specular highlights, shadow pass e ambient occlusion. Basicamente vou pôr a qualidade no máximo, visto ser só um frame, o que mesmo assim vai custar umas valentes horas de processamento.
6-Composição final e pós-produção. Juntam-se todos os passes em Photoshop e afinam-se tudo com o máximo de flexibilidade. Não vou resistir com certeza a adicionar um ou outro pormenor à mão, afinar a cor, e perder mais outras tantas horas nos retoques finais, que é o mais divertido.
Se tudo correr bem mando a ilustração para a revista 3D World, na esperança de ter um lugar na área Exhibition. Se correr mal e ficar uma merda podem sempre gozar à grande “Eeeeeeeeeeeeh tanta coisa técnica com nomes estrangeiros e mais não sei quê e faz-me esta merda? HAHAHAHA! É o que dá porem um careca a querer fazer hair simulations!”
Na altura estava a aperfeiçoar a técnica de lápis de cor como material de pintura, mas nunca achei que conseguisse dar às imagens o impacto que pretendia. Pareceu-me que ficava sempre muito aquém, principalmente pela falta de contraste no registo. Mais tarde passei para a aguarela, tinta da china e acrílicos, mas o Jack ficou sempre num canto como uma boa ideia mal concretizada. Ás tantas lá foi parar à parede da sala porque os meus pais acham que o Bruninho é genial. Mesmo sabendo que o Bruninho só aprendeu a ler na quarta classe e demorou oito anos a tirar um curso de cinco. Vá-se lá perceber esta gente…
Quero manter-me o mais fiel possível à ideia original, tanto a nível da forma como da composição. Até porque o melhor elemento da ilustração é mesmo o ursinho de peluche aterrorizado. Grande parte dos comentários feitos ao desenho referem a piada da expressão do ursinho, portanto é claramente um elemento a manter.
O objectivo deste projecto é ganhar experiência no processo de ilustração 3D, pelo que tecnicamente isto vai requerer os seguintes passos, devidamente acompanhados por posts regulares (espero eu):
1-Character sheet para o Jack e o urso, com as necessárias vistas ortogonais de cada um para referência na modelação.
2-Modelação poligonal em 3D Studio Max com todos os detalhes de baixa frequência que conseguir pôr nos modelos. Apesar do objectivo ser uma ilustração estática e não uma animação, será boa ideia trabalhar com a devida atenção aos adge loops, assim como evitar os chatos dos triângulos na mesh. Visto que não há modelos nem elementos complexos a nível de poses articuladas, não vou construir rigs nem controles de animação (iháááá!).
3-Criação de normal maps em Mudbox. Esta é a fase de modelação do detalhe de alta frequência pelo que espero chegar a qualquer coisa na ordem dos milhões de polígonos no modelo do Jack, vamos ver como o meu maquinão se comporta.
4-Texturas para toda a malta. Quero ser eu a preparar todas as texturas de raíz, o que implica referências fotográficas, scans e mais scans e horas de Photoshop. Depois é de volta ao Max para o layout dos UVWs, uma batelada de experimentação e simulação para a gadelha "Elvis" do Jack e os pêlos do urso, e tratar da iluminação final.
5-Render em Mental Ray. Não há reflexos nem caustics nem refracções complicadas na cena, mas a pele do Jack é uma grande superfície que requer sub-surface scattering, e a trunfa, juntamente com o peluche vão puxar bem pela hair simulation do Max. A isto tudo há ainda que juntar a iluminação global, HDRI e area shadows. Estou a contar com pelo menos 4 passes: difuse, specular highlights, shadow pass e ambient occlusion. Basicamente vou pôr a qualidade no máximo, visto ser só um frame, o que mesmo assim vai custar umas valentes horas de processamento.
6-Composição final e pós-produção. Juntam-se todos os passes em Photoshop e afinam-se tudo com o máximo de flexibilidade. Não vou resistir com certeza a adicionar um ou outro pormenor à mão, afinar a cor, e perder mais outras tantas horas nos retoques finais, que é o mais divertido.
Se tudo correr bem mando a ilustração para a revista 3D World, na esperança de ter um lugar na área Exhibition. Se correr mal e ficar uma merda podem sempre gozar à grande “Eeeeeeeeeeeeh tanta coisa técnica com nomes estrangeiros e mais não sei quê e faz-me esta merda? HAHAHAHA! É o que dá porem um careca a querer fazer hair simulations!”
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
Pérola da Comunicação
Erotismo. Sensualidade. Sexo. Palavras fortes que despertam diferentes imagens e sensações em cada indivíduo. Uns pensarão nas pernas da Heidi Klum, outros no decote da Eva Herzigova. As mulheres poderão lembrar-se dos peitorais do Brad Pitt, ou das mãos do George Clooney, mas toda a gente, sem excepção, fantasia com a recauchutagem de pneus.
Este entendimento sublime da natureza humana está na origem da imagem de marca da Auto C. Borges, oficina de recauchutagem.
A mulher está completamente nua, excepto por um estranho animal que se assemelha a uma enguia com cabeça de lagartixa, enrolada languidamente em redor do seu seio direito. Este elemento exótico promove ainda mais a sensualidade da imagem, que claramente serviu de inspiração para o concerto de Britney Spears, em que a artista dança com uma cobra ao pescoço. A herança animal, tão intimamente ligada ao coito despreocupado, está representada nas formas pontiagudas dos dedos da jovem. Os óculos de sol complementam esta tendência indicando a estação da primavera ou verão, altura em que as hormonas exercem a sua influência com maior ímpeto, originando comportamentos desviantes de natureza libidinosa.
A disposição dos pneus que suportam o corpo da jovem foi cuidadosamente estudada para reproduzir a silhueta da chaise-longue da Marilyn Monroe. Este pormenor denota uma vontade de atribuir à protagonista o estatuto de sex-symbol, mantendo no entanto a classe e o requinte das estrelas do cinema clássico. Ainda assim, não se perde a rudeza sexy da recauchutagem de pneus, que tantas alegrias tem proporcionado a gerações e gerações de jovens e adultos sadios.
Como normalmente acontece nestes casos de epifania comunicacional, a solução revela-se imediatamente durante o briefing:
- Ivanácio! Um logo para a A. C. Borges! Vai!
- UMA GAJA BOA A ORGASMAR-SE EM CIMA DUNS PNEUS!
- Boa! Agora um para a mercearia do zé. Vai!
- UMA GAJA BOA A ORGASMAR-SE EM CIMA DUMA CAIXA REGISTRADORA!
- Excelente! Outro para a pastelaria da Hermengarda. Vai!
- UMA GAJA BOA A ORGASMAR-SE EM CIMA DUM TABULEIRO DE PASTÉIS DE NATA!
- Fabuloso! Mais um para a agência de gajas boas orgasmadas do Silva. Vai!
- UMA MÁQUINA DE RECAUCHUTAGEM DE PNEUS!
Este entendimento sublime da natureza humana está na origem da imagem de marca da Auto C. Borges, oficina de recauchutagem.
A mulher está completamente nua, excepto por um estranho animal que se assemelha a uma enguia com cabeça de lagartixa, enrolada languidamente em redor do seu seio direito. Este elemento exótico promove ainda mais a sensualidade da imagem, que claramente serviu de inspiração para o concerto de Britney Spears, em que a artista dança com uma cobra ao pescoço. A herança animal, tão intimamente ligada ao coito despreocupado, está representada nas formas pontiagudas dos dedos da jovem. Os óculos de sol complementam esta tendência indicando a estação da primavera ou verão, altura em que as hormonas exercem a sua influência com maior ímpeto, originando comportamentos desviantes de natureza libidinosa.
A disposição dos pneus que suportam o corpo da jovem foi cuidadosamente estudada para reproduzir a silhueta da chaise-longue da Marilyn Monroe. Este pormenor denota uma vontade de atribuir à protagonista o estatuto de sex-symbol, mantendo no entanto a classe e o requinte das estrelas do cinema clássico. Ainda assim, não se perde a rudeza sexy da recauchutagem de pneus, que tantas alegrias tem proporcionado a gerações e gerações de jovens e adultos sadios.
Como normalmente acontece nestes casos de epifania comunicacional, a solução revela-se imediatamente durante o briefing:
- Ivanácio! Um logo para a A. C. Borges! Vai!
- UMA GAJA BOA A ORGASMAR-SE EM CIMA DUNS PNEUS!
- Boa! Agora um para a mercearia do zé. Vai!
- UMA GAJA BOA A ORGASMAR-SE EM CIMA DUMA CAIXA REGISTRADORA!
- Excelente! Outro para a pastelaria da Hermengarda. Vai!
- UMA GAJA BOA A ORGASMAR-SE EM CIMA DUM TABULEIRO DE PASTÉIS DE NATA!
- Fabuloso! Mais um para a agência de gajas boas orgasmadas do Silva. Vai!
- UMA MÁQUINA DE RECAUCHUTAGEM DE PNEUS!
sexta-feira, 10 de agosto de 2007
Aquecer o Pirulo
Aquecer o Pirulo não só é desejável, como é operacionalmente fundamental.
Quando se tira o Pirulo para fora, a temperatura inicial impede-o de se erguer convenientemente, no entanto, através de um manejamento apropriado, o Pirulo consegue atingir toda a sua extensão. A técnica mais comum consiste em agarrar o Pirulo com uma ou ambas as mãos, fazendo-as deslizar ao longo do corpo cilíndrico de modo a causar o aumento da temperatura superficial. Este aquecimento propaga-se para o interior, resultando num humedecimento generalizado. Neste momento a mais ligeira pressão na base do Pirulo deverá ser suficiente para expôr completamente a extremidade grossa do corpo piruliforme, já abundantemente humedecido. É nesta fase que o contacto oral com o Pirulo se revela plenamente gratificante, devendo-se porém manter pelo menos uma mão a controlar a pressão na base.
Practicamente qualquer operação oral praticada no Pirulo é válida, sendo que chupar ou lamber são as técnicas mais utilizadas pelo facto de serem as mais eficazes.
Poderão introduzir-se variações destas técnicas para compensar as diferenças estruturais de outros Pirulos como por exemplo o Pirulo Bazooka, dando-se menos ênfase ao trabalho manual e mais liberdade oral, com particular destaque para os movimentos de língua.
Tanto o Pirulo como o Pirulo Bazooka estão à venda nos quiosques de gelados por todo o país, e apesar de serem em tudo semelhantes ao Calipo e ao Twister da Olá, são produzidos pela Nestlé S.A.
Este post foi inspirado por uma querida amiga cujo nome eu não vou revelar para proteger a identidade da Patrícia, que, agarrando-se com ambas as mãos ao gelado disse: "tenho que aquecer o Pirulo..."
Quando se tira o Pirulo para fora, a temperatura inicial impede-o de se erguer convenientemente, no entanto, através de um manejamento apropriado, o Pirulo consegue atingir toda a sua extensão. A técnica mais comum consiste em agarrar o Pirulo com uma ou ambas as mãos, fazendo-as deslizar ao longo do corpo cilíndrico de modo a causar o aumento da temperatura superficial. Este aquecimento propaga-se para o interior, resultando num humedecimento generalizado. Neste momento a mais ligeira pressão na base do Pirulo deverá ser suficiente para expôr completamente a extremidade grossa do corpo piruliforme, já abundantemente humedecido. É nesta fase que o contacto oral com o Pirulo se revela plenamente gratificante, devendo-se porém manter pelo menos uma mão a controlar a pressão na base.
Practicamente qualquer operação oral praticada no Pirulo é válida, sendo que chupar ou lamber são as técnicas mais utilizadas pelo facto de serem as mais eficazes.
Poderão introduzir-se variações destas técnicas para compensar as diferenças estruturais de outros Pirulos como por exemplo o Pirulo Bazooka, dando-se menos ênfase ao trabalho manual e mais liberdade oral, com particular destaque para os movimentos de língua.
Tanto o Pirulo como o Pirulo Bazooka estão à venda nos quiosques de gelados por todo o país, e apesar de serem em tudo semelhantes ao Calipo e ao Twister da Olá, são produzidos pela Nestlé S.A.
Este post foi inspirado por uma querida amiga cujo nome eu não vou revelar para proteger a identidade da Patrícia, que, agarrando-se com ambas as mãos ao gelado disse: "tenho que aquecer o Pirulo..."
sábado, 4 de agosto de 2007
Abusar Demais
Abusar demais é um bocado como exagerar muito. É um fenómeno psicossociológico que ocorre sobretudo em comunidades ermitas com tendência para se auto-suícidarem a si próprios, o que de resto se tem vindo a tornar uma tradição milenar desde 1947.
A origem destas comunidades está na génese do princípio do seu aparecimento, no início do seu percurso cronológico ao longo do tempo. Episódios de guerras bélicas com agressões de parte a parte e vice-versa, deixaram a população gravemente desequilibrada para ambos os dois lados, com uma elevada contagem de cadáveres sem vida após cada confronto. Para sarar as cicatrizes psicológicas, criaram-se, entre 50 anos a meio século depois, grupos de auto ajuda com o intuito de encorajar cada indivíduo a exprimir a sua própria opinião pessoal, e a exorcizar os demónios internos que tem dentro.
De vez em quando é bom escrever um texto realmente parvo, para os restantes parecerem mais inteligentes por contraste.
A origem destas comunidades está na génese do princípio do seu aparecimento, no início do seu percurso cronológico ao longo do tempo. Episódios de guerras bélicas com agressões de parte a parte e vice-versa, deixaram a população gravemente desequilibrada para ambos os dois lados, com uma elevada contagem de cadáveres sem vida após cada confronto. Para sarar as cicatrizes psicológicas, criaram-se, entre 50 anos a meio século depois, grupos de auto ajuda com o intuito de encorajar cada indivíduo a exprimir a sua própria opinião pessoal, e a exorcizar os demónios internos que tem dentro.
De vez em quando é bom escrever um texto realmente parvo, para os restantes parecerem mais inteligentes por contraste.
quinta-feira, 2 de agosto de 2007
terça-feira, 31 de julho de 2007
100 Metros Sodomitas
O caminho da estação da Cidade Universitária até ao ginásio onde treino, no Estádio Universitário, está decorado com variadas estátuas de atletas em plena prática desportiva. Estilísticamente parecem ser uma mistura de arte clássica, segundo os cânones da grécia antiga, com arte comunista da antiga União Soviética.
A foto mostra uma dessas peculiares obras. Não faço ideia qual será a modalidade representada, mas a sua morfologia leva-me a afirmar que é possívelmente uma obra de inspiração grega. Poderia perfeitamente ser uma obra de inspiração cristã, pela sua afinidade com o tema da sodomia, mas atentando à falta da caixa de recolha de dinheiro ou à bancadazinha de venda automática de velas a 2€, eu aposto na influência grega. Afinal de contas, há lá coisa mais grega que os 100 metros sodomitas?
A foto mostra uma dessas peculiares obras. Não faço ideia qual será a modalidade representada, mas a sua morfologia leva-me a afirmar que é possívelmente uma obra de inspiração grega. Poderia perfeitamente ser uma obra de inspiração cristã, pela sua afinidade com o tema da sodomia, mas atentando à falta da caixa de recolha de dinheiro ou à bancadazinha de venda automática de velas a 2€, eu aposto na influência grega. Afinal de contas, há lá coisa mais grega que os 100 metros sodomitas?
domingo, 22 de julho de 2007
quarta-feira, 18 de julho de 2007
Pérola da Comunicação
Em 1971, Phil Night, dono de uma modesta companhia de artigos desportivos chamada Blue Ribbon Sports, e professor de contabilidade na Portland State University, andava à rasca para arranjar o material gráfico necessário para uma apresentação a um grupo de japoneses. Num corredor da faculdade conheceu Carolyn Davidson, uma estudante de design que aceitou produzir os gráficos para a apresentação da Blue Ribbon Sports, assim como uma tira para uma nova linha de sapatos desportivos. Algo simples que sugerisse velocidade.
Carolyn apresentou este desenho.
Anos depois, a magia deste momento viria a repetir-se, desta feita no briefing da criação da imagem corporativa da PM Expresso, sediada na Av. Do Brasil.
A companhia pedia uma imagem forte, um símbolo de rigor, eficácia e velocidade. Num momento de pura epifania comunicacional, o designer encarregue do projecto foi abençoado com um vislumbre do logotipo perfeito – um leão sem pernas plastificado em cima de uma mota! Simples, rigoroso, dinâmico.
Não sei qual será o mote da PM Expresso, mas se for qualquer coisa como “Transportamos animais selvagens amputados e embalados em vácuo para qualquer ponto do país!”, então está muito bem.
Carolyn apresentou este desenho.
Anos depois, a magia deste momento viria a repetir-se, desta feita no briefing da criação da imagem corporativa da PM Expresso, sediada na Av. Do Brasil.
A companhia pedia uma imagem forte, um símbolo de rigor, eficácia e velocidade. Num momento de pura epifania comunicacional, o designer encarregue do projecto foi abençoado com um vislumbre do logotipo perfeito – um leão sem pernas plastificado em cima de uma mota! Simples, rigoroso, dinâmico.
Não sei qual será o mote da PM Expresso, mas se for qualquer coisa como “Transportamos animais selvagens amputados e embalados em vácuo para qualquer ponto do país!”, então está muito bem.
sábado, 7 de julho de 2007
Puny Mouse
Em Agosto de 2005 a Apple anunciava o Mighty Mouse, o novo rato multifuncional de quatro botões e Scroll Ball. Os génios do Design da companhia que nos trouxe a maçãzinha gay pintada de arco íris tinham finalmente percebido que um rato com pelo menos dois botões era não só funcional, como absolutamente necessário para trabalhar eficazmente num computador.
Haviam-se esgotado os argumentos para justificar o antigo Pro-Mouse, o rato de topo transparente de um só botão em que toda a superfície superior se movia a cada clic. Fiquei destroçado com a notícia. Que saudades iria ter do sabonetinho translúcido que obrigava a malta a clicar com a mão toda e que tinha a encantadora capacidade de ficar encravado no próprio fio de cinco em cinco segundos, prendendo a merda do botão. É triste ver uma companhia icónica como a Apple vender os seus ideais minimalistas e ceder ao facilitismo do rato com dois botões, pensei eu. O que iria acontecer ao bem amado Control + clic para aceder ás funções do botão direito? Esta é uma operação tão absolutamente fundamental e regular em qualquer ambiente de trabalho que merece ser complicada, de preferência obrigando a carregar num botão do rato e outro do teclado. Se isto pega qualquer dia também incluem um botão de print screen no teclado, e lá se vai mais um daqueles atalhos fabulosos de três teclas que só conseguem ser utilizados por pianistas profissionais ou jogadores da NBA.
O meu Mighty Mouse chegou há coisa de uma semana, agarrado a um iMac novo que tenho no trabalho. Foi o primeiro contacto que tive com o super rato, e estou muito feliz de ver que a Apple mais uma vez sacrificou a ergonomia e facilidade de utilização para produzir um rato em forma de sabonete.
Nada nesta fabulosa peça de Design foi deixado ao acaso. A forma adapta-se perfeitamente à caixa do Dove com ¼ de creme hidratante, e parece que também serve para agarrar com a mão, embora com algum desconforto. A superfície superior é uma peça única, equipada com um sensor táctil que permite distinguir o botão direito do esquerdo. Permite distinguir, isto é, contando que se clica nos botões do mesmo modo que um professor de natação explica com os dedos como mexer as pernas no crawl, isto porque se ambos os dedos estiverem em contacto simultâneo com a superfície do rato, o aparelho considera um clic esquerdo, mesmo que se tenha carregado no botão direito. Este funcionamento genial evita que o Mac seja utilizado por mariquinhas com tendinites, mantendo um nível de virilidade muito acima da média.
Por falar de virilidade, a Scroll Ball, claramente desenhada para se assemelhar a certa e determinada parte da anatomia feminina, requer um avançado controlo táctil, só atingível com muito treino digital no botãozinho, o que com certeza abonará a favor de muitos trintões solteiros.
Para terminar, há que referir os dois Squeeze Buttons laterais. São botões programáveis perfeitamente banais, mas ainda assim inovadores na medida em que são "espremíveis" em vez de "clicáveis". Não faço a mínima ideia de qual seja a vantagem disto, mas parece que também é genial.
Haviam-se esgotado os argumentos para justificar o antigo Pro-Mouse, o rato de topo transparente de um só botão em que toda a superfície superior se movia a cada clic. Fiquei destroçado com a notícia. Que saudades iria ter do sabonetinho translúcido que obrigava a malta a clicar com a mão toda e que tinha a encantadora capacidade de ficar encravado no próprio fio de cinco em cinco segundos, prendendo a merda do botão. É triste ver uma companhia icónica como a Apple vender os seus ideais minimalistas e ceder ao facilitismo do rato com dois botões, pensei eu. O que iria acontecer ao bem amado Control + clic para aceder ás funções do botão direito? Esta é uma operação tão absolutamente fundamental e regular em qualquer ambiente de trabalho que merece ser complicada, de preferência obrigando a carregar num botão do rato e outro do teclado. Se isto pega qualquer dia também incluem um botão de print screen no teclado, e lá se vai mais um daqueles atalhos fabulosos de três teclas que só conseguem ser utilizados por pianistas profissionais ou jogadores da NBA.
O meu Mighty Mouse chegou há coisa de uma semana, agarrado a um iMac novo que tenho no trabalho. Foi o primeiro contacto que tive com o super rato, e estou muito feliz de ver que a Apple mais uma vez sacrificou a ergonomia e facilidade de utilização para produzir um rato em forma de sabonete.
Nada nesta fabulosa peça de Design foi deixado ao acaso. A forma adapta-se perfeitamente à caixa do Dove com ¼ de creme hidratante, e parece que também serve para agarrar com a mão, embora com algum desconforto. A superfície superior é uma peça única, equipada com um sensor táctil que permite distinguir o botão direito do esquerdo. Permite distinguir, isto é, contando que se clica nos botões do mesmo modo que um professor de natação explica com os dedos como mexer as pernas no crawl, isto porque se ambos os dedos estiverem em contacto simultâneo com a superfície do rato, o aparelho considera um clic esquerdo, mesmo que se tenha carregado no botão direito. Este funcionamento genial evita que o Mac seja utilizado por mariquinhas com tendinites, mantendo um nível de virilidade muito acima da média.
Por falar de virilidade, a Scroll Ball, claramente desenhada para se assemelhar a certa e determinada parte da anatomia feminina, requer um avançado controlo táctil, só atingível com muito treino digital no botãozinho, o que com certeza abonará a favor de muitos trintões solteiros.
Para terminar, há que referir os dois Squeeze Buttons laterais. São botões programáveis perfeitamente banais, mas ainda assim inovadores na medida em que são "espremíveis" em vez de "clicáveis". Não faço a mínima ideia de qual seja a vantagem disto, mas parece que também é genial.
sábado, 23 de junho de 2007
Homo Mentecaptus
A história mundial está cheia de más ideias, como pôr o marinheiro míope à procura de icebergs na torre do Titanic, ir fumar um cigarrinho à casa das máquinas enquanto se aterra o Hindenburg, ou contratar um mentecapto que não sabe a diferença entre fiambre e queijo para servir ao balcão do café.
Esta última parece-me ter sido uma ideia particularmente má, pelo simples facto de ser nesse café que eu lancho todos os dias.
Geralmente somos seis pessoas ao lanche, o que não simplifica nada a vida ao senhor, cuja capacidade de memorizar pedidos se resume a um pão com manteiga, um café, e um croissant de ovo que ele guarda religiosamente para a Joaninha (mas só porque está apaixonado, como demonstra a ausência do seu característico sorriso catatónico nos dias em que ela não lancha). De resto podemos sempre contar com um olhar vazio de qualquer entendimento e uma falta de actividade cerebral que faz inveja a qualquer calhau da calçada.
Começo a habituar-me à ideia de ter que pedir cinco vezes o pão com queijo e o sumo, e no fim comer um pão com fiambre, a seco, porque ele se esqueceu do sumo. Certo dia pedi uma sandes mista sem manteiga e o senhor começou a exibir sintomas de AVC. Dei por mim a pensar “mas o que se passará naquela cabeça?”. A reposta é simples – passa-se muito pouco, ou nada.
O melhor exemplo da capacidade vegetativa da criatura é um episódio recente onde pedi uma sandes de queijo, e naturalmente, ele fez um pão com fiambre. À saída eu disse: “quero pagar uma sandes de fiambre e um sumo”. O Miguel, que estava ao meu lado corrigiu-me: “foi uma sandes de queijo”. Ao que eu respondi: “realmente eu pedi uma sandes de queijo, mas o Sr. deu-me uma de fiambre”. Resposta do Sr. Mentecapto: “não faz mal, o preço é o mesmo”.
Esta última parece-me ter sido uma ideia particularmente má, pelo simples facto de ser nesse café que eu lancho todos os dias.
Geralmente somos seis pessoas ao lanche, o que não simplifica nada a vida ao senhor, cuja capacidade de memorizar pedidos se resume a um pão com manteiga, um café, e um croissant de ovo que ele guarda religiosamente para a Joaninha (mas só porque está apaixonado, como demonstra a ausência do seu característico sorriso catatónico nos dias em que ela não lancha). De resto podemos sempre contar com um olhar vazio de qualquer entendimento e uma falta de actividade cerebral que faz inveja a qualquer calhau da calçada.
Começo a habituar-me à ideia de ter que pedir cinco vezes o pão com queijo e o sumo, e no fim comer um pão com fiambre, a seco, porque ele se esqueceu do sumo. Certo dia pedi uma sandes mista sem manteiga e o senhor começou a exibir sintomas de AVC. Dei por mim a pensar “mas o que se passará naquela cabeça?”. A reposta é simples – passa-se muito pouco, ou nada.
O melhor exemplo da capacidade vegetativa da criatura é um episódio recente onde pedi uma sandes de queijo, e naturalmente, ele fez um pão com fiambre. À saída eu disse: “quero pagar uma sandes de fiambre e um sumo”. O Miguel, que estava ao meu lado corrigiu-me: “foi uma sandes de queijo”. Ao que eu respondi: “realmente eu pedi uma sandes de queijo, mas o Sr. deu-me uma de fiambre”. Resposta do Sr. Mentecapto: “não faz mal, o preço é o mesmo”.
quinta-feira, 24 de maio de 2007
quinta-feira, 17 de maio de 2007
O Flagelo Tipográfico da Humanidade
Em 1995 o Sr. Vincent Connare, na altura a trabalhar na Microsoft, recebeu uma versão beta de um software para crianças intitulado Microsoft Bob, onde figurava o cãozinho Rover, que falava através de balões de diálogo em estilo BD com o texto em Times New Roman. Connare sentiu, e muito bem, que o tipo de letra não servia o aspecto cartoony que se pretendia, e decidiu desenhar uma nova tipografia para o programa. Baseando-se em vários livros de banda desenhada (principalmente em The Dark Night Returns da DC Comics) criou a font Comic Book, que mais tarde decidiu chamar de Comic Sans por achar o primeiro nome um bocado parvo. De início a font foi incluída no Windows 95 Plus Pack, sendo posteriormente adicionada como font de sistema na versão OEM do windows 95 e mantendo-se até a versão actual do sistema operativo.
Acontece que odeio a Comic Sans com todas a células de designer do meu corpo. É um ódio visceral. Mas a culpa não é do bem intencionado Vincent Connare, como ele próprio explica: "A Comic Sans não foi projectada para ser um tipo de letra, mas apenas uma solução para um problema com a parte mais vulgarmente negligenciada do interface de um programa - a tipografia utilizada para comunicar a mensagem. Não houve intenção de incluir a Comic Sans em nenhuma aplicação que não aquelas especificamente desenhadas para crianças."
A font em si não é má, foi a sua utilização abusiva e desregrada que tornou a Comic Sans num dos maiores flagelos do design (juntamente com o espremedor em forma de foguetão do Phillipe Starck e a cadeira Wassily do Marcel Breuer). Está por todo o lado - menus de restaurante, convites de casamento, anúncios de vitrine, web sites, relatórios médicos e outros que tais.
É sem dúvida encantador receber a análise médica com o resultado positivo do glioblastoma multiforme inoperável num tipo de letra jovial e divertido que faz parecer que é o Pato Donald quem lhe está a dizer que tem menos de um mês de vida, mas o caso mais paradigmático do uso abusivo deste tipo de letra é a lápide escrita em Comic Sans. Há lá coisa mais linda? Se fosse a minha lápide certamente que a minha alma careca voltaria do além a espumar ectoplasma da boca com sede de vingança. Por mim até poderia ser escrita em Wingdings ou Cyrillic que estaria tudo bem, mas Comic Sans...
Para os fundamentalistas dos Macs que se estão a rir a pensar que a Apple é que é, e que o Mac não têm cá dessas fateladas de fonts infantis, e que até os atilhos que seguram os fios do teclado foram projectados por uma equipe de pelo menos 500 designers e 700 engenheiros, ficam sabendo que a Comic Sans foi a font default do Apple ICards na web, quando foi lançado. Mais tarde a Apple produziu uma cópia da Comic Sans a que chamou Chalkboard, que actualmente é uma font de sistema no Mac OS X.
Para se juntar à luta ou comprar propaganda anti Comic Sans, visite o site www.bancomicsans.com
Acontece que odeio a Comic Sans com todas a células de designer do meu corpo. É um ódio visceral. Mas a culpa não é do bem intencionado Vincent Connare, como ele próprio explica: "A Comic Sans não foi projectada para ser um tipo de letra, mas apenas uma solução para um problema com a parte mais vulgarmente negligenciada do interface de um programa - a tipografia utilizada para comunicar a mensagem. Não houve intenção de incluir a Comic Sans em nenhuma aplicação que não aquelas especificamente desenhadas para crianças."
A font em si não é má, foi a sua utilização abusiva e desregrada que tornou a Comic Sans num dos maiores flagelos do design (juntamente com o espremedor em forma de foguetão do Phillipe Starck e a cadeira Wassily do Marcel Breuer). Está por todo o lado - menus de restaurante, convites de casamento, anúncios de vitrine, web sites, relatórios médicos e outros que tais.
É sem dúvida encantador receber a análise médica com o resultado positivo do glioblastoma multiforme inoperável num tipo de letra jovial e divertido que faz parecer que é o Pato Donald quem lhe está a dizer que tem menos de um mês de vida, mas o caso mais paradigmático do uso abusivo deste tipo de letra é a lápide escrita em Comic Sans. Há lá coisa mais linda? Se fosse a minha lápide certamente que a minha alma careca voltaria do além a espumar ectoplasma da boca com sede de vingança. Por mim até poderia ser escrita em Wingdings ou Cyrillic que estaria tudo bem, mas Comic Sans...
Para os fundamentalistas dos Macs que se estão a rir a pensar que a Apple é que é, e que o Mac não têm cá dessas fateladas de fonts infantis, e que até os atilhos que seguram os fios do teclado foram projectados por uma equipe de pelo menos 500 designers e 700 engenheiros, ficam sabendo que a Comic Sans foi a font default do Apple ICards na web, quando foi lançado. Mais tarde a Apple produziu uma cópia da Comic Sans a que chamou Chalkboard, que actualmente é uma font de sistema no Mac OS X.
Para se juntar à luta ou comprar propaganda anti Comic Sans, visite o site www.bancomicsans.com
terça-feira, 24 de abril de 2007
C.A.G.A.
Lembro-me de um comentário que fiz em conversa com um colega de turma, no primeiro ano do curso, em que expressei a primeira impressão que tive da faculdade -“isto é uma beca merdoso”. Ele ficou muito indignado, respondendo prontamente “Tás parvo? A Faculdade de belas-artes de Lisboa é a mais conceituada do país! Somos os fuzileiros do design!” Tendo feito o serviço militar na Escola de Fuzileiros achei que ele até estava certo, mas por outra razão, ambas as instituições se regem pela máxima: “porquê simples, se pode ser complicado?”
O fuzileiro não faz a barba, desfaz a barba.
O aluno de belas-artes não puxa pela cabeça, problematiza.
O fuzileiro não come uma maçã a meio do dia, ingere o suplemento.
O aluno não faz gatafunhos, executa um registo inerentemente gestual.
O fuzileiro não faz flexões, empurra o planeta.
E assim por diante...
A Complicacionamentilistificalização artístico-gramática académica, ou CAGA como doravante será referêncializificamentalizada, tem o mesmo propósito que a militar, que é o de criar uma sub-cultura linguística que visa elevar a importância da respectiva actividade, com a diferença de que as parvoíces que se dizem na tropa sempre fazem um pouco mais de sentido. A CAGA têm ainda o papel fundamental de ajudar a esconder a falta de talento artístico atrás de uma intelectualidade feita de palavras e frases que ninguém entende, mas que toda a gente concorda que é absolutamente genial, precisamente porque ninguém entende. Fiz-me entender? Não? Genial!
Para quem pretende seguir a carreira académica na área de artes, a CAGA é indispensável. É preciso muita CAGA para dar uma aula de duas horas sobre uma obra de um certo senhor chamado Mark Rothko, que consiste numa tela completamente pintada a preto. Foi-nos ensinado que a dita obra, sem título, marcava um diferente impacto na percepção espacial, abrindo horizontes imaginários que, no entanto, são marcados por uma sensação de clausura, qualidade que se presta à meditação e contemplação. Ou uma treta assim do género... Na minha opinião aquilo era apenas uma tela preta, vendida por uma batelada de massa a um tipo pretensioso semi-intelectualóide. Mas escrever isso no exame de História de Arte seria o mesmo que ir dizer ao Tenente Torrão que na minha opinião as batatas ao almoço estavam um bocadinho secas. Em ambos os casos a resposta seria: “Sr. Krippahl, quando eu quiser a sua opinião, eu dou-lha!”
Para quem pensa que sai da faculdade de belas-artes com uma preparação ajustada à realidade profissional, o caso é mais complicado. Quando no conteúdo programático de determinada cadeira nos é pedido, por exemplo, o layout para a caixa de um CD, o briefing é qualquer coisa como isto:
(Tema exageradamente longo e com pelo menos uma palavra que nem sequer existe).
(Texto intelectualóide de um daqueles três designers que escrevem os livros todos e que não tem nada a ver com coisa nenhuma).
Baseando-se na temática estudada, problematize e conceptualize um objecto gráfico comunicacional adequado à acomodação de uma unidade de suporte óptico de informação digital (vulgo compact disc). Pretende-se que a execução do projecto revele a devida consideração pela esfera psico-sociológica do momento presente, caracterizada pela constante mudança do paradigma informático, assim como a sua relação com um alfabeto visual urbano em permanente inter-penetração com os mundos e vivências virtuais nas diferentes camadas etárias alvo.
Por outro lado, na minha actividade profissional, quando o meu patrão precisa de um layout para uma caixa de um CD, o briefing é o seguinte:
“Bruno, preciso de um layout para a caixa do CD”.
“Mas chefe, não quer que problematize e conceptualize, e tenha em conta esferas psico-sociológicas?”
“Epá o que tu fazes na intimidade é problema teu, faz-me é a merda do CD!”
Esta é a beleza do mundo da arte. Para ganhar o euromilhões é preciso ter caga, mas para vender um quadrinho feioso por milhões de euros é preciso ter CAGA.
O fuzileiro não faz a barba, desfaz a barba.
O aluno de belas-artes não puxa pela cabeça, problematiza.
O fuzileiro não come uma maçã a meio do dia, ingere o suplemento.
O aluno não faz gatafunhos, executa um registo inerentemente gestual.
O fuzileiro não faz flexões, empurra o planeta.
E assim por diante...
A Complicacionamentilistificalização artístico-gramática académica, ou CAGA como doravante será referêncializificamentalizada, tem o mesmo propósito que a militar, que é o de criar uma sub-cultura linguística que visa elevar a importância da respectiva actividade, com a diferença de que as parvoíces que se dizem na tropa sempre fazem um pouco mais de sentido. A CAGA têm ainda o papel fundamental de ajudar a esconder a falta de talento artístico atrás de uma intelectualidade feita de palavras e frases que ninguém entende, mas que toda a gente concorda que é absolutamente genial, precisamente porque ninguém entende. Fiz-me entender? Não? Genial!
Para quem pretende seguir a carreira académica na área de artes, a CAGA é indispensável. É preciso muita CAGA para dar uma aula de duas horas sobre uma obra de um certo senhor chamado Mark Rothko, que consiste numa tela completamente pintada a preto. Foi-nos ensinado que a dita obra, sem título, marcava um diferente impacto na percepção espacial, abrindo horizontes imaginários que, no entanto, são marcados por uma sensação de clausura, qualidade que se presta à meditação e contemplação. Ou uma treta assim do género... Na minha opinião aquilo era apenas uma tela preta, vendida por uma batelada de massa a um tipo pretensioso semi-intelectualóide. Mas escrever isso no exame de História de Arte seria o mesmo que ir dizer ao Tenente Torrão que na minha opinião as batatas ao almoço estavam um bocadinho secas. Em ambos os casos a resposta seria: “Sr. Krippahl, quando eu quiser a sua opinião, eu dou-lha!”
Para quem pensa que sai da faculdade de belas-artes com uma preparação ajustada à realidade profissional, o caso é mais complicado. Quando no conteúdo programático de determinada cadeira nos é pedido, por exemplo, o layout para a caixa de um CD, o briefing é qualquer coisa como isto:
(Tema exageradamente longo e com pelo menos uma palavra que nem sequer existe).
(Texto intelectualóide de um daqueles três designers que escrevem os livros todos e que não tem nada a ver com coisa nenhuma).
Baseando-se na temática estudada, problematize e conceptualize um objecto gráfico comunicacional adequado à acomodação de uma unidade de suporte óptico de informação digital (vulgo compact disc). Pretende-se que a execução do projecto revele a devida consideração pela esfera psico-sociológica do momento presente, caracterizada pela constante mudança do paradigma informático, assim como a sua relação com um alfabeto visual urbano em permanente inter-penetração com os mundos e vivências virtuais nas diferentes camadas etárias alvo.
Por outro lado, na minha actividade profissional, quando o meu patrão precisa de um layout para uma caixa de um CD, o briefing é o seguinte:
“Bruno, preciso de um layout para a caixa do CD”.
“Mas chefe, não quer que problematize e conceptualize, e tenha em conta esferas psico-sociológicas?”
“Epá o que tu fazes na intimidade é problema teu, faz-me é a merda do CD!”
Esta é a beleza do mundo da arte. Para ganhar o euromilhões é preciso ter caga, mas para vender um quadrinho feioso por milhões de euros é preciso ter CAGA.
segunda-feira, 9 de abril de 2007
Muito Benze Esta Gente
E voltamos ao mesmo. Já se começam a ver estudantes todos encapados e acoletados e emblematizados e encrachacizados a rigor para a benção das fitas. Meus amigos, é só em Maio! Vão lá lavar isso que já andam aí a cheirar a queijo corso. Eu quando era puto também dormia com o fato de múmia na noite antes do baile de máscaras, mas era porque aquela m***a demorava pra caraças a enrolar (e não, não tinha fecho eclair... meta-se na sua vida!).
Não há benção das fitas sem fitas, e como tal, todos os anos lá vêm umas quantas parar às minhas mãos - "para escreveres o que quiseres". Pooooois, mas toda a gente sabe o que se deve escrever nas fitas, o que, regra geral, pouco tem a ver com o que realmente se quer escrever:
"Para a minha amiguinha kerida, a mais especial do mundo, a mais talentosa de todas. Vais com certeza ser uma profissional extraordinária e ser muito feliz em todos os campos da tua vida. Liga-me sempre porque a amizade é eterna e mais não sei quê.
Xi korações e bijokas kiduchas Chuak! Chuak! Chuak!”
Basta querer juntar uma pitadinha de honestidade que arriscamos a ficar com algo como isto:
“Para a minha amiguinha querida, à vontade entre as dez mais especiais daquele pequeno grupo de pessoas em geral não muito talentosas. Vai na volta até vais ser uma boa profissional e ter uma vida feliz, mas a verdade é que não faço puto de ideia do que te vai acontecer. Tens mais hipóteses de morrer atropelada pelo 31 a caminho da benção das fitas que de encontrar um emprego decente. Desejo-te boa sorte, mas ficas desde já avisada que isso de pouco te vale.
Mandava-te um xi-coração, mas para ser sincero nunca soube realmente que coisa é essa do “xi”. Xi-coração? Será um coração em forma de “x”? Isso é coisa que se deseje a alguém? Não interessa, levas beijos e é porque és boa, porque se fosses uma gorda de bigode nem fita levavas.”*
Isto justifica a minha preferência por desenhar nas fitas em vez de escrever. O desenho é sempre honesto, é aquilo que me dá na gana desenhar na altura e nada mais. O valor que tem é a minúcia e a dedicação com que é feito, e se ficar feio pode-se sempre limpar o rabinho com cetim bento.
*Sim, só faço fitas para miúdas, e só se forem giras. Sim, é um critério sexista, mas foi exactamente por isso que o escolhi. Não, não tenho vergonha, mas se acha que é isto que faz de mim um pacóvio cretinóidal é porque não leu o resto do blog...
Não há benção das fitas sem fitas, e como tal, todos os anos lá vêm umas quantas parar às minhas mãos - "para escreveres o que quiseres". Pooooois, mas toda a gente sabe o que se deve escrever nas fitas, o que, regra geral, pouco tem a ver com o que realmente se quer escrever:
"Para a minha amiguinha kerida, a mais especial do mundo, a mais talentosa de todas. Vais com certeza ser uma profissional extraordinária e ser muito feliz em todos os campos da tua vida. Liga-me sempre porque a amizade é eterna e mais não sei quê.
Xi korações e bijokas kiduchas Chuak! Chuak! Chuak!”
Basta querer juntar uma pitadinha de honestidade que arriscamos a ficar com algo como isto:
“Para a minha amiguinha querida, à vontade entre as dez mais especiais daquele pequeno grupo de pessoas em geral não muito talentosas. Vai na volta até vais ser uma boa profissional e ter uma vida feliz, mas a verdade é que não faço puto de ideia do que te vai acontecer. Tens mais hipóteses de morrer atropelada pelo 31 a caminho da benção das fitas que de encontrar um emprego decente. Desejo-te boa sorte, mas ficas desde já avisada que isso de pouco te vale.
Mandava-te um xi-coração, mas para ser sincero nunca soube realmente que coisa é essa do “xi”. Xi-coração? Será um coração em forma de “x”? Isso é coisa que se deseje a alguém? Não interessa, levas beijos e é porque és boa, porque se fosses uma gorda de bigode nem fita levavas.”*
Isto justifica a minha preferência por desenhar nas fitas em vez de escrever. O desenho é sempre honesto, é aquilo que me dá na gana desenhar na altura e nada mais. O valor que tem é a minúcia e a dedicação com que é feito, e se ficar feio pode-se sempre limpar o rabinho com cetim bento.
*Sim, só faço fitas para miúdas, e só se forem giras. Sim, é um critério sexista, mas foi exactamente por isso que o escolhi. Não, não tenho vergonha, mas se acha que é isto que faz de mim um pacóvio cretinóidal é porque não leu o resto do blog...
quinta-feira, 29 de março de 2007
O Enclave Cigano da Av. do Brasil
A Fada da Felicidade ousou sugerir neste post que a vista da janela do seu emprego é de tal forma bela que até lhe traz satizfação nos sábados passados a trabalhar. Consta que da janela vê um passeio marítimo qualquer na linha, com umas palmeirinhas fatelas junto ao mar. Coisa de gaja...
Da janela do open-space onde exerço a função de Director Executivo do Departamento Gráfico da Mr.Net - Divisão Ibérica*, pode admirar-se o magnífico Enclave Cigano da Av. do Brasil, esta sim, a melhor vista de qualquer janela de Portugal.
Posicionado algures entre o sagrado e o profano, é uma obra arquitectónica e social que ofusca o olhar com as suas formas e volumes sublimes, erguendo-se qual oásis fecundo no deserto urbano. Em termos cromatograficologicoscópicos, é-nos apresentado um esquema harmonioso que combina o amarelo mostarda com o vermelho ketchup, numa crítica mordaz à sociedade de consumo imediato, geralmente alheia às coisas belas da vida. Coisas essas aliás, tão simples como uma senhora de catorze anos com os seus dezassete filhos, a apanhar sol encostada a uma parede; uma criança de olhar meigo e inocente a escarrar da janela para cima de uma velhinha; ou um grupo de jovens vestidos numa mistura de D´Zrt com Zézé Camarinha, a vender telemóveis adquiridos coercivamente.
Há vida neste canto da cidade! As pessoas falam umas com as outras, gritam até, insultam-se regularmente, e de vez em quando ouve-se alguém a ser chinado numa esquina. Mas a festa não fica por aqui. Em ocasiões especiais, como num casamento de uma mulher de doze anos com um jovem de sessenta, montam-se toldos junto ao edifício e reúne-se a família (ou seja, toda a gente) para festejar o emparelhamento. As festividades duram dias, e são animadas por um característico som tecno-pimba étnico de leste, representativo das raízes culturais da região. O som é característico porque aparentemente o DJ Lello só tem um cd, e o cd só tem três músicas.
A foto não é representativa da verdadeira grandiosidade deste monumento, mas ainda assim, reflecte algumas das características estéticas que fazem do Enclave Cigano da Av. do Brasil um monumento de rara beleza.
*Há quem diga que este título é exagerado, alegando que o facto de eu ser a única pessoa a trabalhar em design na empresa não faz de mim director de coisa nenhuma, nem promove o meu cantinho caótico e desarrumado a "departamento gráfico".
Da janela do open-space onde exerço a função de Director Executivo do Departamento Gráfico da Mr.Net - Divisão Ibérica*, pode admirar-se o magnífico Enclave Cigano da Av. do Brasil, esta sim, a melhor vista de qualquer janela de Portugal.
Posicionado algures entre o sagrado e o profano, é uma obra arquitectónica e social que ofusca o olhar com as suas formas e volumes sublimes, erguendo-se qual oásis fecundo no deserto urbano. Em termos cromatograficologicoscópicos, é-nos apresentado um esquema harmonioso que combina o amarelo mostarda com o vermelho ketchup, numa crítica mordaz à sociedade de consumo imediato, geralmente alheia às coisas belas da vida. Coisas essas aliás, tão simples como uma senhora de catorze anos com os seus dezassete filhos, a apanhar sol encostada a uma parede; uma criança de olhar meigo e inocente a escarrar da janela para cima de uma velhinha; ou um grupo de jovens vestidos numa mistura de D´Zrt com Zézé Camarinha, a vender telemóveis adquiridos coercivamente.
Há vida neste canto da cidade! As pessoas falam umas com as outras, gritam até, insultam-se regularmente, e de vez em quando ouve-se alguém a ser chinado numa esquina. Mas a festa não fica por aqui. Em ocasiões especiais, como num casamento de uma mulher de doze anos com um jovem de sessenta, montam-se toldos junto ao edifício e reúne-se a família (ou seja, toda a gente) para festejar o emparelhamento. As festividades duram dias, e são animadas por um característico som tecno-pimba étnico de leste, representativo das raízes culturais da região. O som é característico porque aparentemente o DJ Lello só tem um cd, e o cd só tem três músicas.
A foto não é representativa da verdadeira grandiosidade deste monumento, mas ainda assim, reflecte algumas das características estéticas que fazem do Enclave Cigano da Av. do Brasil um monumento de rara beleza.
*Há quem diga que este título é exagerado, alegando que o facto de eu ser a única pessoa a trabalhar em design na empresa não faz de mim director de coisa nenhuma, nem promove o meu cantinho caótico e desarrumado a "departamento gráfico".
segunda-feira, 26 de março de 2007
Turbo Migas
O maluco dos calções flamejantes e casaco vermelho é o Miguel.
O homem skia que se farta e, naturalmente, decidiu experimentar os seus skis novos nos rails do snowpark, o que me deu a oportunidade e a confiança necessárias para tentar também. A única diferença foi que enquanto ele se preocupava em testar as características freestyle dos seus Elan Twin Tips MO2 Rail ultra promix, eu preocupava-me em não deixar os dentes espetados no rail.
A coisa até correu bem. O Migas ficou plenamente satisfeito com a sua compra, e eu muito feliz de não ter passado o resto das férias a comer por uma palhinha.
Ah, o gajo de casaco verde com o traseiro congelado sou eu...
O homem skia que se farta e, naturalmente, decidiu experimentar os seus skis novos nos rails do snowpark, o que me deu a oportunidade e a confiança necessárias para tentar também. A única diferença foi que enquanto ele se preocupava em testar as características freestyle dos seus Elan Twin Tips MO2 Rail ultra promix, eu preocupava-me em não deixar os dentes espetados no rail.
A coisa até correu bem. O Migas ficou plenamente satisfeito com a sua compra, e eu muito feliz de não ter passado o resto das férias a comer por uma palhinha.
Ah, o gajo de casaco verde com o traseiro congelado sou eu...
terça-feira, 20 de março de 2007
A verdadeira razão porque não se pode entrar de chuteiras na igreja.
Criar o mundo em sete dias é para meninos. Deus que é Deus até despacha a cena em sete horas e passa o resto da semana de calção de banho e xanatos a galar camones no equivalente cósmico ao Algarve.
Criar a religião também não custa nada. Pega-se num bazaroco facilmente impressionável com um nome sonante, crucifica-se o tipo, deixa-se marinar durante três dias e ressuscita-se a gosto para mostrar a toda a gente que a religião é salvação e mais não sei quê. Como ninguém sequer se lembra que se não fosse a religião, o tipo nem sequer teria sido crucificado para começar, a malta fica impressionada e adere.
Esta foi a parte fácil, o complicado veio a seguir.
Com as infra-estruturas e o serviço a funcionar em pleno, foi necessário garantir uma forma de comunicação prática e eficaz, tipo linha de apoio ao cliente. Falar com as pessoas individualmente não só não era viável, como inclusivamente podia causar inconvenientes. A prová-lo está o episódio de Abraão, a quem Deus, na brincadeira, mandou matar o filho Isaac, só para ver se o gajo ia na conversa. Depois de dar a ordem, foi divinar para outro lado e nunca mais se lembrou do pobre do Abraão. A sorte foi um anjo que viu o que ia acontecer e lhe disse: “Ó chefe! Tá um velho a querer chinar um puto em cima dum monte, é normal?”
Para resolver este problema de comunicação, implementou-se o sistema de reza, que no papel até parecia funcionar bastante bem: “para questões relacionadas com os dez mandamentos reze a seguinte oração...” “para informações relacionadas com saldos e pagamentos reze a seguinte oração...” “para esclarecer dúvidas relacionadas com outras religiões, leia as ultimas 360 alíneas do seu contracto de aderência”. Funcionou perfeitamente durante um tempo, até a malta começar a abusar do serviço e a pedir intervenções contraditórias. Uns rezavam, para ter chuva, outros rezavam para ter sol, uns para ter melhor colheita de trigo, outros de arroz, uns rezavam pela avózinha gravemente doente, outros pela avózinha gravemente morta... Enfim, foi o caos, ao ponto de Deus se pôr a pensar “Tou tramado com isto! Estes gajos qualquer dia põe-se a rezar à entrada dos campos de futebol para marcarem mais golos que o adversário. Como é que ambas as equipas podem marcar mais golos que a outra?”. Pareceu que adivinhava.
Por esta altura já o sistema requeria uma largura de banda astronómica, e o spam (múltiplas rezas não solicitadas) tornava-se um problema sério. Mas Deus, orgulhoso demais para deitar fora uma boa ideia só porque não funciona, decidiu que iria desenrascar a situação fosse como fosse, e inventou o primeiro filtro de spam da história, a Igreja.
Dando prioridade às rezas feitas em solo sagrado, controla-se não só o número de rezas com também a natureza do pedido. Acabam-se as pedinchices contraditórias como a dos dois jogadores de equipes adversárias ambos a rezar pela vitoria no mesmo jogo. E esta é a verdadeira razão porque não se pode entrar de chuteiras na igreja.
Criar a religião também não custa nada. Pega-se num bazaroco facilmente impressionável com um nome sonante, crucifica-se o tipo, deixa-se marinar durante três dias e ressuscita-se a gosto para mostrar a toda a gente que a religião é salvação e mais não sei quê. Como ninguém sequer se lembra que se não fosse a religião, o tipo nem sequer teria sido crucificado para começar, a malta fica impressionada e adere.
Esta foi a parte fácil, o complicado veio a seguir.
Com as infra-estruturas e o serviço a funcionar em pleno, foi necessário garantir uma forma de comunicação prática e eficaz, tipo linha de apoio ao cliente. Falar com as pessoas individualmente não só não era viável, como inclusivamente podia causar inconvenientes. A prová-lo está o episódio de Abraão, a quem Deus, na brincadeira, mandou matar o filho Isaac, só para ver se o gajo ia na conversa. Depois de dar a ordem, foi divinar para outro lado e nunca mais se lembrou do pobre do Abraão. A sorte foi um anjo que viu o que ia acontecer e lhe disse: “Ó chefe! Tá um velho a querer chinar um puto em cima dum monte, é normal?”
Para resolver este problema de comunicação, implementou-se o sistema de reza, que no papel até parecia funcionar bastante bem: “para questões relacionadas com os dez mandamentos reze a seguinte oração...” “para informações relacionadas com saldos e pagamentos reze a seguinte oração...” “para esclarecer dúvidas relacionadas com outras religiões, leia as ultimas 360 alíneas do seu contracto de aderência”. Funcionou perfeitamente durante um tempo, até a malta começar a abusar do serviço e a pedir intervenções contraditórias. Uns rezavam, para ter chuva, outros rezavam para ter sol, uns para ter melhor colheita de trigo, outros de arroz, uns rezavam pela avózinha gravemente doente, outros pela avózinha gravemente morta... Enfim, foi o caos, ao ponto de Deus se pôr a pensar “Tou tramado com isto! Estes gajos qualquer dia põe-se a rezar à entrada dos campos de futebol para marcarem mais golos que o adversário. Como é que ambas as equipas podem marcar mais golos que a outra?”. Pareceu que adivinhava.
Por esta altura já o sistema requeria uma largura de banda astronómica, e o spam (múltiplas rezas não solicitadas) tornava-se um problema sério. Mas Deus, orgulhoso demais para deitar fora uma boa ideia só porque não funciona, decidiu que iria desenrascar a situação fosse como fosse, e inventou o primeiro filtro de spam da história, a Igreja.
Dando prioridade às rezas feitas em solo sagrado, controla-se não só o número de rezas com também a natureza do pedido. Acabam-se as pedinchices contraditórias como a dos dois jogadores de equipes adversárias ambos a rezar pela vitoria no mesmo jogo. E esta é a verdadeira razão porque não se pode entrar de chuteiras na igreja.
domingo, 18 de março de 2007
Robot Chicken
A Allanah, do Free Inspiration deu-me a conhecer a Robot Chicken, uma série de animação adulta criada por Seth Green e Matthew Senreich. É uma paródia a vários símbolos da cultura pop, através da animação stop-motion de bonecos, brinquedos e plasticina. Este é o episódio 6, com um sketch genial do Star Wars.
Quem estiver interessado em ver mais pode encontrar uma catrefada de episódios no Youtube.
Quem estiver interessado em ver mais pode encontrar uma catrefada de episódios no Youtube.
quarta-feira, 14 de março de 2007
Andorra 2007
Uma semana de snowboard com um grupo de amigos nos pirinéus, esta já ninguém ma tira.
A princípio andávamos um bocado preocupados com a falta de neve, mas felizmente o anticiclone foi anticiclar prá frente fria que o pariu, e a meio da semana fomos presenteados com o nevão do ano. Poderá haver quem ache que foi obra de Deus, mas cá pra mim foi precipitação aliada a baixas temperaturas.
Seguem-se alguns dos pontos altos da semana:
- Primeira vez a fazer rails no snowpark.
- Longas conversas pela noite dentro.
- Queda de boca no gelo com direito a paragem respiratória durante um minuto e dores musculares durante dois dias.
- Saltos ridículos mas que à pala do 180 lá iam impressionando uma babe ou outra que ainda estivesse bêbeda da noite anterior (possivelmente porque em vez do 180 via um 360).
- Gaufres de mel e noz.
- Jacuzzi
- Calhauzada de gelo na tromba num dia de ventania brutal.
- Passeios na neve com vista para as montanhas recortadas pela luz da lua.
- Joelho inchado e roxo, cortesia de um snowboarder descontrolado.
- Buracos na prancha (aparentemente "snowboard" indica que se deve andar por cima da neve, e não dos calhaus).
Agradeço ao Miguel, à Joaninha, ao André e à Paula, o convite e a companhia. Agradeço à Tété por ter emprestado o carro, e ao rádio por ter tocado a merda do CD do Jamiroquai ao fim de apenas 675 tentativas.
A princípio andávamos um bocado preocupados com a falta de neve, mas felizmente o anticiclone foi anticiclar prá frente fria que o pariu, e a meio da semana fomos presenteados com o nevão do ano. Poderá haver quem ache que foi obra de Deus, mas cá pra mim foi precipitação aliada a baixas temperaturas.
Seguem-se alguns dos pontos altos da semana:
- Primeira vez a fazer rails no snowpark.
- Longas conversas pela noite dentro.
- Queda de boca no gelo com direito a paragem respiratória durante um minuto e dores musculares durante dois dias.
- Saltos ridículos mas que à pala do 180 lá iam impressionando uma babe ou outra que ainda estivesse bêbeda da noite anterior (possivelmente porque em vez do 180 via um 360).
- Gaufres de mel e noz.
- Jacuzzi
- Calhauzada de gelo na tromba num dia de ventania brutal.
- Passeios na neve com vista para as montanhas recortadas pela luz da lua.
- Joelho inchado e roxo, cortesia de um snowboarder descontrolado.
- Buracos na prancha (aparentemente "snowboard" indica que se deve andar por cima da neve, e não dos calhaus).
Agradeço ao Miguel, à Joaninha, ao André e à Paula, o convite e a companhia. Agradeço à Tété por ter emprestado o carro, e ao rádio por ter tocado a merda do CD do Jamiroquai ao fim de apenas 675 tentativas.
quinta-feira, 1 de março de 2007
A Frase do Ano
Uma pérola da autoria da minha querida amiga Joaninha, num momento de pura genialidade poética.
"F***-se! Apetece-me chacinar toda a gente e ir prá caminha!"
"F***-se! Apetece-me chacinar toda a gente e ir prá caminha!"
sábado, 24 de fevereiro de 2007
Vestido para Surfar
A pedido do público, aqui está a bela da t-shirt do Dragonball que todos os anos me acompanha nas férias de snowboard. Este ano, porém, é com tristeza que vejo que não está a ter a aceitação que merece.
Um dos argumentos mais diplomáticos diz que esta camisola "absolutamente sinistra" vai espantar as inglesas ninfomaníacas das pistas de ski de Andorra. O que não é mau de todo, porque se eu quisesse aturar meninas histéricas cor-de-rosa, veria a floribela na televisão, que sempre tem botão de volume.
Outro, mais em tom de ultimato, reza assim: "Se te vir com essa camisola na pista, vou fingir que não te conheço!" É, mas parece que tenho esse efeito nas mulheres mesmo sem camisola do Dragonball (lembro-me vagamente que a do Hulk também ia dar ao mesmo). A diferença é que pelo menos com a t-shirt vestida tenho um bode expiatório, se alguém me perguntar: "Desculpe, é impressão minha ou voçê é um portuga careca trintão a fazer figura de parvo?"
Eu posso sempre responder: "Ah, não. Parece-lhe, por causa da t-shirt..."
Um dos argumentos mais diplomáticos diz que esta camisola "absolutamente sinistra" vai espantar as inglesas ninfomaníacas das pistas de ski de Andorra. O que não é mau de todo, porque se eu quisesse aturar meninas histéricas cor-de-rosa, veria a floribela na televisão, que sempre tem botão de volume.
Outro, mais em tom de ultimato, reza assim: "Se te vir com essa camisola na pista, vou fingir que não te conheço!" É, mas parece que tenho esse efeito nas mulheres mesmo sem camisola do Dragonball (lembro-me vagamente que a do Hulk também ia dar ao mesmo). A diferença é que pelo menos com a t-shirt vestida tenho um bode expiatório, se alguém me perguntar: "Desculpe, é impressão minha ou voçê é um portuga careca trintão a fazer figura de parvo?"
Eu posso sempre responder: "Ah, não. Parece-lhe, por causa da t-shirt..."
terça-feira, 20 de fevereiro de 2007
Querer e Não Ter
Quer-me parecer que há cerca de 50.000 anos atrás as coisas eram bastante mais simples, ou pelo menos mais lineares. Se o Sr. Ugh tinha um problema, o Sr. Ugh ia buscar a moca ao fundo da caverna e esmagava a cabeça ao problema. Querer alguma coisa que não podia ter não era problemático. Desde que tivesse uma moca maior que a da concorrência, o Sr. Ugh esmagava e levava. Esmagar alguma coisa à mocada era basicamente a solução para 99% dos problemas da altura, fossem eles económicos, alimentares ou amorosos. Belos tempos...
Hoje em dia é tudo muito mais complicado. A vida parece ser uma amálgama caótica de acontecimentos que não controlamos, e que de um momento para o outro calham em nos fazer querer desesperadamente coisas que cinco minutos antes nem sabíamos que existiam. Um pouco como as Testemunhas de Jeová que batem à porta no domingo às nove da manhã para nos dizer que se não comprarmos cem cópias da revista DESPERTAI, vamos para o inferno. Hoje em dia a moca já não resolve. Isto porque tudo tem uma catrefada de consequências sociais e inevitabilidades humanas e vicissitudes deontológicas e parâmetros éticos ou qualquer outra dessas merdas igualmente complicadas. Onde é que está a bela da simplicidade? Quero. Esmago. Levo.
Não posso culpar o destino porque essa treta não me convence. Se Deus despachou o universo em 7 dias, é porque estava com pressa para bazar. Não é gajo para se pôr a escrever destinos para esta gente toda.
Ir à igreja rezar também não me cheira. É preciso ser muito optimista para achar que um boneco de madeira de um tipo semi-nu espetado numa cruz tem coisas mais interessantes a dizer sobre os meus problemas que eu.
Para quem quer algo que não pode ter, a solução parece ser só uma, e quem melhor a pôs por palavras foi um ilustre Arquitecto/Cineasta chamado Tomás Taveira, numa das suas obras videográficas mais representativas:
-"Aguenta e não chora!"
Hoje em dia é tudo muito mais complicado. A vida parece ser uma amálgama caótica de acontecimentos que não controlamos, e que de um momento para o outro calham em nos fazer querer desesperadamente coisas que cinco minutos antes nem sabíamos que existiam. Um pouco como as Testemunhas de Jeová que batem à porta no domingo às nove da manhã para nos dizer que se não comprarmos cem cópias da revista DESPERTAI, vamos para o inferno. Hoje em dia a moca já não resolve. Isto porque tudo tem uma catrefada de consequências sociais e inevitabilidades humanas e vicissitudes deontológicas e parâmetros éticos ou qualquer outra dessas merdas igualmente complicadas. Onde é que está a bela da simplicidade? Quero. Esmago. Levo.
Não posso culpar o destino porque essa treta não me convence. Se Deus despachou o universo em 7 dias, é porque estava com pressa para bazar. Não é gajo para se pôr a escrever destinos para esta gente toda.
Ir à igreja rezar também não me cheira. É preciso ser muito optimista para achar que um boneco de madeira de um tipo semi-nu espetado numa cruz tem coisas mais interessantes a dizer sobre os meus problemas que eu.
Para quem quer algo que não pode ter, a solução parece ser só uma, e quem melhor a pôs por palavras foi um ilustre Arquitecto/Cineasta chamado Tomás Taveira, numa das suas obras videográficas mais representativas:
-"Aguenta e não chora!"
sábado, 3 de fevereiro de 2007
Exmo. Sr. Anticiclone
Exmo. Sr. Anticiclone,
Tenho um casaco The North Face com tecnologia Hyvent PitZips, e sistema refletor electrónico RECCO para localizar vitimas na neve.
Tenho calças XDYE com camada impermeabilizadora de poliuretano e fecho inteligente com ventilação regulável para controlar a temperatura do corpo na neve.
Tenho botas Salomon com forro de espuma Auto-Fit Self 3 Reflex LCG Fusion apertadas com laçado Power Lace Prosoft em inserções Polygliding de baixa fricção, gancho de bloqueio, e lingueta activa integrada, ideais para o freestyler dos desportos de neve.
Tenho uma prancha de snowboard Nitro Team com powercore flexível Optimal Matrix de fibra de vidro bi-axial, e corte lateral duplo degressivo, para maior controlo e resistência na neve.
Tenho fixações Nidecker com patilha de controlo de energia e apoio ajustáveis, fechos de alumínio com três eixos, e base Power Plate com sistema de amortecimento lateral para melhor fixação da prancha nas irregularidades das camadas de neve.
Tenho um capacete Giro SSL construído em Liner EPS Inmold, com ventilação Supercool, Goggle Notch, Loophole e ASTM F2040 para protecção da caixa craniana e amortecimento de impactos na neve.
Tenho uma máscara Adidas com Antifog Vision Advantage PC Lens e Duraflex Streamlined CenterPush para um superior conforto, visibilidade e segurança durante longos períodos de actividade nas mais diversas condições climáticas nas montanhas de neve.
Tenho luvas Salomon com forro Hydroberg transpirável e Twinshell Hypertex de isolamento Thermolyite Micro 42, para garantir que as mãos se mantêm quentes e secas mesmo em contactos prolongados com a neve.
Tenho uma mochila Salomon Valdez 15 em fibra 600D PES OLF com compartimento de hidratação compatível com sistema Platypus, fixação para prancha, cintas anti-fricção e Alien Buckle, que permite uma mobilidade e conforto fundamentais na neve.
Tenho um ano de vontade acumulada de ir à neve.
Tenho uma semana de férias de neve.
Tenho um grupo de amigos com quem ir à neve.
...e não tenho neve.
Atentamente,
Krippmeister
Tenho um casaco The North Face com tecnologia Hyvent PitZips, e sistema refletor electrónico RECCO para localizar vitimas na neve.
Tenho calças XDYE com camada impermeabilizadora de poliuretano e fecho inteligente com ventilação regulável para controlar a temperatura do corpo na neve.
Tenho botas Salomon com forro de espuma Auto-Fit Self 3 Reflex LCG Fusion apertadas com laçado Power Lace Prosoft em inserções Polygliding de baixa fricção, gancho de bloqueio, e lingueta activa integrada, ideais para o freestyler dos desportos de neve.
Tenho uma prancha de snowboard Nitro Team com powercore flexível Optimal Matrix de fibra de vidro bi-axial, e corte lateral duplo degressivo, para maior controlo e resistência na neve.
Tenho fixações Nidecker com patilha de controlo de energia e apoio ajustáveis, fechos de alumínio com três eixos, e base Power Plate com sistema de amortecimento lateral para melhor fixação da prancha nas irregularidades das camadas de neve.
Tenho um capacete Giro SSL construído em Liner EPS Inmold, com ventilação Supercool, Goggle Notch, Loophole e ASTM F2040 para protecção da caixa craniana e amortecimento de impactos na neve.
Tenho uma máscara Adidas com Antifog Vision Advantage PC Lens e Duraflex Streamlined CenterPush para um superior conforto, visibilidade e segurança durante longos períodos de actividade nas mais diversas condições climáticas nas montanhas de neve.
Tenho luvas Salomon com forro Hydroberg transpirável e Twinshell Hypertex de isolamento Thermolyite Micro 42, para garantir que as mãos se mantêm quentes e secas mesmo em contactos prolongados com a neve.
Tenho uma mochila Salomon Valdez 15 em fibra 600D PES OLF com compartimento de hidratação compatível com sistema Platypus, fixação para prancha, cintas anti-fricção e Alien Buckle, que permite uma mobilidade e conforto fundamentais na neve.
Tenho um ano de vontade acumulada de ir à neve.
Tenho uma semana de férias de neve.
Tenho um grupo de amigos com quem ir à neve.
...e não tenho neve.
Atentamente,
Krippmeister
sábado, 27 de janeiro de 2007
Traição no Asfalto
Os campeonatos de Mario Kart - Double Dash, na MrNet (onde trabalho) são um ritual que se repete todos os dias a seguir ao almoço e ao final da tarde. É uma forma divertida de juntar a malta e descomprimir. Ainda assim o nível competitivo é elevado, sendo que se recorre frequentemente ao malbaratismo obsceno quando a prova não vai de feição.
O número de competidores em cada campeonato varia conforme a disponibilidade de cada um, e ultimamente tenho queimado borracha contra a minha querida amiga Joaninha, em corridas mano a mano capazes de fazer o Michael Shumacher parecer uma lesma octagenária com osteoporose. Tal competitividade fez emergir a mais vil e traiçoeira manobra anti-desportiva que o mundo do Mario Kartismo mundial jamais houvera visto.
Segue-se o relato da ocorrência:
Na fase final da corrida, a Joaninha apoderou-se de um nuke - concha teleguiada que rebenta sempre com o corredor que está em primeiro lugar, mesmo que seja quem a lança - confiando na minha honestidade e espírito desportivo perguntou-me, sem consultar o marcador das posições:
"És tu que vais à frente? Ou sou eu?"
Momentos antes tinha havido uma troca de tiros e eu estava em segundo lugar, num caminho alternativo ainda a deitar fumo pelas nádegas, mas face à possibilidade de levar com um nuke no trombil, decidi dar o golpe e respondi:
"Sou eu, claro!"
"Mas não te vejo..." Disse a Joaninha
"Ui, já lá vou muito à freeeeente"
"Então toma lá!" E lançou o nuke... que deu uma piruetazinha no ar e lhe rebentou em cima com uma nuvem azul incandescente, mandando o carro para o galheiro com os repectivos ocupantes a guinchar histericamente.
Ganhei a corrida, mas a traição no asfalto foi um episódio negro da história da humanidade. Um testemunho do que de mais excecrável há no esgoto profundo da alma humana, um flagelo ao nível do terrorismo, a inquisição, ou o teatro de revista.
Este post é um pedido público de desculpas, mas desculpas a sério, nada daquelas merdas tipo igreja católica:
"Prontos ok, queimámos uns quantos bacanos na fogueira por terem gatos pretos... ok umas dezenas de milhares... sim, sim, e há a cena das cruzadas yá, mas isso, tipo, era pa libertar lá a cena man... e fanar o guito aos monhés ok, mas fonix! Qual é a vossa onda? Caguem lá nisso man, isso foi já foi à culhoé!"
Vai daí que a partir de agora prometo abandonar a mentira e a dissimulação maquiavélica (que remédio, já não pega mais vez nenhuma) e vou-me limitar à ogiva termonuclear telecomandada com asas, à bola de ferro esmagadora gigante, à metralhadora de cascas, ao raio minguante, e às caixas cirúrgicamente colocadas à saída das rampas, mais vulgarmente conhecidas como Krippmeister Special.
Vemo-nos no asfalto...
O número de competidores em cada campeonato varia conforme a disponibilidade de cada um, e ultimamente tenho queimado borracha contra a minha querida amiga Joaninha, em corridas mano a mano capazes de fazer o Michael Shumacher parecer uma lesma octagenária com osteoporose. Tal competitividade fez emergir a mais vil e traiçoeira manobra anti-desportiva que o mundo do Mario Kartismo mundial jamais houvera visto.
Segue-se o relato da ocorrência:
Na fase final da corrida, a Joaninha apoderou-se de um nuke - concha teleguiada que rebenta sempre com o corredor que está em primeiro lugar, mesmo que seja quem a lança - confiando na minha honestidade e espírito desportivo perguntou-me, sem consultar o marcador das posições:
"És tu que vais à frente? Ou sou eu?"
Momentos antes tinha havido uma troca de tiros e eu estava em segundo lugar, num caminho alternativo ainda a deitar fumo pelas nádegas, mas face à possibilidade de levar com um nuke no trombil, decidi dar o golpe e respondi:
"Sou eu, claro!"
"Mas não te vejo..." Disse a Joaninha
"Ui, já lá vou muito à freeeeente"
"Então toma lá!" E lançou o nuke... que deu uma piruetazinha no ar e lhe rebentou em cima com uma nuvem azul incandescente, mandando o carro para o galheiro com os repectivos ocupantes a guinchar histericamente.
Ganhei a corrida, mas a traição no asfalto foi um episódio negro da história da humanidade. Um testemunho do que de mais excecrável há no esgoto profundo da alma humana, um flagelo ao nível do terrorismo, a inquisição, ou o teatro de revista.
Este post é um pedido público de desculpas, mas desculpas a sério, nada daquelas merdas tipo igreja católica:
"Prontos ok, queimámos uns quantos bacanos na fogueira por terem gatos pretos... ok umas dezenas de milhares... sim, sim, e há a cena das cruzadas yá, mas isso, tipo, era pa libertar lá a cena man... e fanar o guito aos monhés ok, mas fonix! Qual é a vossa onda? Caguem lá nisso man, isso foi já foi à culhoé!"
Vai daí que a partir de agora prometo abandonar a mentira e a dissimulação maquiavélica (que remédio, já não pega mais vez nenhuma) e vou-me limitar à ogiva termonuclear telecomandada com asas, à bola de ferro esmagadora gigante, à metralhadora de cascas, ao raio minguante, e às caixas cirúrgicamente colocadas à saída das rampas, mais vulgarmente conhecidas como Krippmeister Special.
Vemo-nos no asfalto...
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