terça-feira, 11 de maio de 2010

Pérola da Comunicação

Cozinhas Stillar - portas interiores, chão flutuante, movéis por medida e rituais satânicos.

domingo, 9 de maio de 2010

Onde é que lhe dói?

Depois de incontáveis anos a desenhar monstros e guerreiros e demónios e o camandro, cheguei à conclusão que não desenho mulheres boas suficientes. E toda a gente sabe que a figura feminina merece dedicação :P

quinta-feira, 6 de maio de 2010

The Gauntlet - Parte II

O meu próximo passo pode ser o último. O Computador está assente numa estante instável que suporta não só a torre como também uma ficha tripla com 50 ramificações eléctricas precárias, o temível Sub-Woofer, e o radiador que arrefece a água do reservatório na caixa. E é esta parte que me preocupa. Uma torre de metal cheia de água, rodeada de 50 ligações eléctricas é um equilíbrio que eu definitivamente não quero perturbar, especialmente descalço. Decido por isso chegar-me mais à direita e tentar a minha sorte através de O Puff.

O Puff já não é tecnicamente um puff. Longe vão os tempos em que este maciço imponente foi um inofensivo saco de ganga cheio de bolinhas de esferovite. O horror que agora se esconde na escuridão é uma armadilha implacável formada pela Mochila de Campismo, o Saco Provisório das Meias Enquanto Não Vem o Guarda Roupa Que o Sr. Não Sei Quê Está a Vender a Metade do Preço, e a Almofada nº2. A única forma de navegar através desta tríade de morte, destruição e suporte lombar, é seguir a Tartaruga, uma superfície rígida de plástico articulado que me salva a vida 6 vezes por ano na neve e 359 em casa a tentar chegar à cama. Enquanto me mantiver na Tartaruga sei que estou no bom caminho.

Já fora da segurança da Tartaruga, estou agora entre o Estirador e a Aparelhagem, a escassos 40cm da cama, mas à minha frente sei que tenho ainda os Halteres, e a Resma. Revejo mentalmente a imagem do quarto para localizar todos os obstáculos, mas o pânico começa a instalar-se quando percebo que não sei onde estão os Halteres. Decido que o mais seguro é subir para a Resma e repensar o plano de lá. O meu peso faz o monte de folhas ceder ligeiramente e afundar-se no seu apoio de jornais amachucados misturados com parte da colcha. Está instável mas parece aguentar se me mantiver parado. Onde raio é que estarão os Halteres... Pensa! A barra grande deve estar junto à porta, já não é um problema. Lá estão com certeza também os dois pesos de 5 kg e pelo menos um de 3kg. Faltam dois de 2kg, um de 3kg e duas barras pequenas. É demasiado arriscado avançar às cegas, vou ter que tentar O Salto.

Não é a primeira vez que recorro ao Salto, mas nunca com tantas incógnitas, e nunca de cima da Resma. Infelizmente ficar aqui também não me adianta de nada, portanto não há outra opção. Com as pernas flectidas visualizo uma graciosa trajectória balística até ao colchão, com a respectiva aterragem felina. Aumento a tensão nos músculos e salto. Este é o preciso momento em que percebo onde está uma das barras pequenas dos Halteres... está debaixo da Resma. O monte de folhas rola para trás com a força do impulso, o que resulta numa trajectória muito pouco balística em direcção à aresta de madeira da cama. O joelho esquerdo é o primeiro a bater e recebe a força total do impacto, mas permite-me que o outro joelho assente em cima do colchão. Com as mãos a agarrar firmemente os cobertores, puxo-me para cima da cama e esfrego o joelho freneticamente até que passe o pior da dor. Consegui! Estou vivo e deitado e no conforto dos lençóis. Já tapado e ainda agarrado à perna, acalmo a respiração e preparo-me para uma noite de sono bem merecida.

Não foi fácil, mas conseg... F***-SE! Esqueci-me de lavar os dentes!

FIM

segunda-feira, 3 de maio de 2010

The Gauntlet - Parte I

O meu quarto está oficialmente desarrumado. Chegou áquele nível de caos onde já não se vê o chão. De momento, a única indicação de que existe sequer um chão é o facto das dezenas de camadas de roupa e papéis e peças das mais variadas origens (algumas delas preocupantemente misteriosas) ainda não se terem precipitado, qual fluxo piroclástico, para cima da vizinha de baixo. O que no entanto, a julgar pela quantidade de lixo que acumulei neste último mês, não deverá demorar muito a acontecer.

É através destes três metros e meio de puro terror que eu tento chegar da porta do quarto à cama no final de cada dia. É o derradeiro desafio de sobrevivência e força mental. O percurso, respeitosamente chamado The Gauntlet, não consiste propriamente em saber onde pisar para evitar os objectos. Isso é fisicamente impossível. Consiste sim em saber pisar nos objectos que não provocam lacerações, contusões, luxações, esventramento, corrosão química, ou de uma forma geral qualquer falha catastrófica de funções vitais.

No Gauntlet pode ser-se bem sucedido mil vezes, mas só se é mal sucedido uma.

Assim que apago a luz junto à porta, começa um jogo de memória visual de uma complexidade incalculável, com camadas sobre camadas de objectos que conspiram para me ceifar a vida, e me deixar a fossilizar no escuro... de cuecas (não durmo de pijama). Fecho os olhos e acedo à imagem mental de desolação da qual depende a minha vida. À minha frente está a Cadeira do Estirador, uma coluna de metal e plástico cheia até acima de uma massa disforme formada por roupa suja, teclados de computador, comandos de Game Cube e meia lata de Raid Casa e Plantas para uso doméstico. É um obstáculo ao qual não sobreviveria, o meu caminho é mais à esquerda, através do Saco do Guitar Hero.

Esta área estende-se por 45cm entre a Cadeira do Estirador e a Electrónia, um ar condicionado portátil com um tubo extensível capaz de asfixiar um ser humano em segundos, enquanto desumidifica e perfuma o ar. Mas eu conheço os riscos, e quero dormir. Vamos a isto. Ponho o pé dentro do Saco e sinto a mola do pedal do Guitar Hero a tentar amputar-me um dedo. Felizmente está parcialmente obstruída por uma luva de snowboard enrolada em cabos SATA e USB. Mas isso não me traz alívio. Deste novelo híbrido sai uma parte do fio dos headfones que liga ao Computador, uma torre de metal electrificada de 25kg com cantos afiados. Perturbar esta besta mitológica representa a morte certa, tenho que caminhar cautelosamente...

...Continua na Parte II