Em Agosto de 2005 a Apple anunciava o Mighty Mouse, o novo rato multifuncional de quatro botões e Scroll Ball. Os génios do Design da companhia que nos trouxe a maçãzinha gay pintada de arco íris tinham finalmente percebido que um rato com pelo menos dois botões era não só funcional, como absolutamente necessário para trabalhar eficazmente num computador.
Haviam-se esgotado os argumentos para justificar o antigo Pro-Mouse, o rato de topo transparente de um só botão em que toda a superfície superior se movia a cada clic. Fiquei destroçado com a notícia. Que saudades iria ter do sabonetinho translúcido que obrigava a malta a clicar com a mão toda e que tinha a encantadora capacidade de ficar encravado no próprio fio de cinco em cinco segundos, prendendo a merda do botão. É triste ver uma companhia icónica como a Apple vender os seus ideais minimalistas e ceder ao facilitismo do rato com dois botões, pensei eu. O que iria acontecer ao bem amado Control + clic para aceder ás funções do botão direito? Esta é uma operação tão absolutamente fundamental e regular em qualquer ambiente de trabalho que merece ser complicada, de preferência obrigando a carregar num botão do rato e outro do teclado. Se isto pega qualquer dia também incluem um botão de print screen no teclado, e lá se vai mais um daqueles atalhos fabulosos de três teclas que só conseguem ser utilizados por pianistas profissionais ou jogadores da NBA.
O meu Mighty Mouse chegou há coisa de uma semana, agarrado a um iMac novo que tenho no trabalho. Foi o primeiro contacto que tive com o super rato, e estou muito feliz de ver que a Apple mais uma vez sacrificou a ergonomia e facilidade de utilização para produzir um rato em forma de sabonete.
Nada nesta fabulosa peça de Design foi deixado ao acaso. A forma adapta-se perfeitamente à caixa do Dove com ¼ de creme hidratante, e parece que também serve para agarrar com a mão, embora com algum desconforto. A superfície superior é uma peça única, equipada com um sensor táctil que permite distinguir o botão direito do esquerdo. Permite distinguir, isto é, contando que se clica nos botões do mesmo modo que um professor de natação explica com os dedos como mexer as pernas no crawl, isto porque se ambos os dedos estiverem em contacto simultâneo com a superfície do rato, o aparelho considera um clic esquerdo, mesmo que se tenha carregado no botão direito. Este funcionamento genial evita que o Mac seja utilizado por mariquinhas com tendinites, mantendo um nível de virilidade muito acima da média.
Por falar de virilidade, a Scroll Ball, claramente desenhada para se assemelhar a certa e determinada parte da anatomia feminina, requer um avançado controlo táctil, só atingível com muito treino digital no botãozinho, o que com certeza abonará a favor de muitos trintões solteiros.
Para terminar, há que referir os dois Squeeze Buttons laterais. São botões programáveis perfeitamente banais, mas ainda assim inovadores na medida em que são "espremíveis" em vez de "clicáveis". Não faço a mínima ideia de qual seja a vantagem disto, mas parece que também é genial.