domingo, 8 de fevereiro de 2009

É genial. Paguem milhões de euros

O ponto. A singularidade da proto-dimensão auto contida. O todo adverso à ocupacionalidade espacial. Zero e infinito. Nada menos que a própria pedra basilar na génese da representação gráfica que pauta a praxis da aventura artística humana, desde o nascimento da espécie, até ao momento presente.

Não é possível objectivar um vector omni-descritivo que transpõe a sua própria geometria, rasgando o espaço e recompondo-o simultaneamente num jogo de contrastes tanto lumínicos como dimensionais. É recta, curva, plano e sólido. É forma mas também é fundo. O assassino da gestalt, que é também o seu mais fiel paladino.

Nada demove o ponto. A sua posição é irrelevante. Não há com que relativizar algo em que nada lhe é exterior. O ponto não tem charneira, ainda que a contenha.

O seu negro não é ausência de luz, é anti-luz. É substância. O hiper-contraste que permeia a composição cria um horizonte de eventos que se estende para além da mancha. Estende-se através da dimensão psico-sociológica do observador, com impactos viscerais. É interiorizado e problematizado no primeiro momento da fruição, pois esta é a sua natureza primordial.

No entanto, como objecto artístico, é registo denunciador do gesto que o cria. Sem nunca representar nada mais que tudo, é a majestosa ode ao artista supremo, que libertando uma partícula de traço, dá forma a toda a existência, passada, presente, e futura.


Outra hipótese é esta merda ser um pixel preto num quadrado branco acompanhado de um texto elaborado que para os mais famintos de pedantismo me fará parecer uma autoridade artística e intelectual. É genial. Paguem milhões de euros.

8 comentários:

Joaninha disse...

Rapaz, Se eu tivesse milhões de euros acredita que pagava porque tu és realmente genial!

Obrigada pelo momento, está brilhante!

Krippmeister disse...

Obrigado lindeza. É mais uma patetice que outra coisa.

Mas lá que é proto-dimensional, ai isso é!

Abobrinha disse...

Krippmeister

"Outra hipótese é esta merda ser um pixel preto num quadrado branco acompanhado de um texto elaborado que para os mais famintos de pedantismo me fará parecer uma autoridade artística e intelectual."

Tás parvo ou quê? Claro que é genial!

Ah, e não é proto-dimensional: é ponto-dimensional! É diferente!

Se fosse dois pontos era sexo. Se fosse três era uma menage a trois. Quatro era swing. Um quadro preto é um bacanal do carago!

Krippmeister disse...

É swing mesmo abobrinha. Um pixel só praticamente não se dava pra ver, portanto pintei 4 :)

Salto-Alto disse...

Isso para mim, que não percebo nada de nada disso, é um rectângulo branco com um ponto preto. Mas só pela tua criatividade e inteligência, pagava-te bem! :)

Beijocas!

Abobrinha disse...

Ui! Olha que eu nunca teria adivinhado! Ou seja, o quadro vale o quíntuplo: quatro pelo quadro, mais um pela resolução do problema.

Fada da felicidade disse...

uffa!!!
Estava a ler a primeira parte do post e a temer que tivesses sido possuído por algum espírito. Felizmente que estás aí! ;)

Krippmeister disse...

Faduncha! Seja bem aparecida.

Foi um momento artístico, não volta a acontecer...